30 de abril de 2009

One love



One Love (tradução)
Bob Marley

Um só amor!
Um só coração!
Vamos seguir juntos para ficarmos bem.

Ouça as crianças chorando! (um só amor)
Ouça as crianças chorando! (um só coração)
Dizendo:-seja grato e louve ao senhor para sentir-se bem.
Dizendo:-vamos seguir juntos para ficarmos bem.

Deixe-os passar com suas observações sujas (um só amor)
Há uma pergunta que eu realmente gostaria de fazer (um só coração):
-havera um lugar para os pecadores desesperados?
Quem vem pra ferir a humanidade
Pelas suas próprias crenças?

Um só amor!
Um só coração!
Vamos seguir juntos para ficarmos bem.

Como era no inicio (um só amor)
Que assim seja no fim (um só coração)
Seja grato e louve ao senhor para sentir-se bem.
Vamos seguir juntos para ficarmos bem.

Temos que manter a união para enfrentarmos o armagedom sagrado (um só amor)
Assim quando o homem vier, estaremos seguros (um só coração)
Tenha dó daqueles cujas as chances são poucas
Pois não haverá como se esconder do pai da criação...

Um só amor!
Um só coração!
Vamos seguir juntos para ficarmos bem.

28 de abril de 2009

Jesus, o peripatético

Soube pelo Douglas e não tive como negar. Definitivamente, sem a menor sombra de dúvida, Jesus era completamente peripatético. Felizmente nós, como seus legítimos e esforçados seguidores, corrigimos mais esse desvio de conduta do mestre.

(talvez isso continue, vamos ver...)

27 de abril de 2009

Uma jarra de suco

A liberdade é um perigo! Deus devia estar louco quando resolveu colocá-la em nossas mãos. Ainda bem que temos as igrejas, que tratam logo de arrancar a liberdade de qualquer um que se aproxime delas e trancá-la em suas jaulas. Não fosse por elas, teríamos nós mesmos que arcar com a responsabilidade de sermos livres e todas as suas imprevisíveis consequências. Com elas não. Elas colocam a liberdade numa arapuca e alardeiam - venham aqui desfrutar dela! Aqui é seguro, quentinho e protegido.

É como quando minha filha resolve ela mesma se servir de suco naquele copo de cristal na casa da vizinha. Insanidade absurda permitir uma coisa dessas. Preciso eu mesmo pegar aquela jarra pesada na mão e servir com todo o cuidado a menina. E ordenar-lhe que não saia da cadeira com o copo na mão. Controle total. Nenhuma possibilidade de falha no processo. Ela se comporta bem, nada dá errado e os méritos são meus. Que menina educada - é o elogio que me faz encher o peito.

Assim segue o coitado do cristão. Como bebê tutoriado pela ama-de-leite chamada igreja s/a. E ai do bebê que resolver se servir sozinho.

23 de abril de 2009

No ruído das usinas

Há, hoje em dia, no fundo das minas, no ruído das usinas e dos estaleiros, na promiscuidade dos hotéis baratos, sacerdotes de Cristo que, fiéis à ordem de São Paulo de serem tudo para todos, assumem na sua existência material todas as alienações do proletariado moderno, sofrendo suas dores, lutando suas lutas, esperando suas esperanças terrestres, mas que pelo seu testemunho de desprendimento total, reacendem nos corações a certeza da Fé, a Esperança da Salvação eterna e a Caridade de Cristo.

Emile Baas,
em 1958, na conclusão de sua
Introdução Crítica ao Marxismo.

20 de abril de 2009

Ansiedade

Ah! Se pudéssemos nos alegrar em Deus.
Sempre e sempre.
Sermos amáveis e conhecidos por isso.
E vivermos tranquilos, livres da ansiedade do ter
e do produzir loucamente e dos resultados.
Se nossos desejos fossem entregues a Deus
e não mais nos dominassem.
Então seríamos inundados pela paz!
Incompreensível paz,
nascida em Jesus e derramada graciosamente sobre nós.
Então estaríamos livres para ocupar nosso pensamento
tão somente com a verdade
e não mais com dissimulações e enganos [auto-enganos].
Nos ocuparíamos com aquilo que é puro, amável, nobre e digno de louvor.
Se tão somente nos livrassemos da ansiedade,
tudo isso poderia brotar em nós.

(Baseado em Filipenses 4:4-8)


Veja também:
O tempo

A ansiedade das coisas

16 de abril de 2009

Dom Quixote

"Tudo bem, seja o que for
seja por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas"

Conheço um homem que 2 mil anos atrás decidiu entregar-se em favor de uma causa perdida. Encontro essa 'causa perdida' todos os dias, em frente ao espelho, fazendo a barba. E ouço a voz do Quixote judeu dizendo "siga-me".



Dom Quixote
Engenheiros do Hawaii
Humberto Gessinger / Paulo Gauvão


Muito prazer, meu nome é otário
Vindo de outros tempos mas sempre no horário
peixe fora d'água, borboletas no aquário
Muito prazer, meu nome é otário
na ponta dos cascos e fora do páreo
puro sangue, puxando carroça

Um prazer cada vez mais raro
aerodinâmica num tanque de guerra,
vaidades que a terra um dia há de comer.
"Ás" de Espadas fora do baralho
grandes negócios, pequeno empresário.

Muito prazer me chamam de otário
por amor às causas perdidas.

Tudo bem, até pode ser
que os dragões sejam moinhos de vento

Tudo bem, seja o que for
seja por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas

tudo bem...até pode ser
Que os dragões sejam moinhos de vento

muito prazer...ao seu dispor
Se for por amor às causas perdidas
por amor às causas perdidas

13 de abril de 2009

Bancos e becos

Bancos e bundas foram feitos uns para os outros. Eles são como as duas faces de um velcro. É por isso que os bancos lustrosos das igrejas estão repletos de bundas de todos os tipos. Grandes, carnudas e abastadas, sustentando corpos inertes e cheios de si. Firmes e intransigentes, cheias de razão, rígidas, ortodoxas e disciplinadas, batalhando avidamente para manter tudo como está. Flácidas, frouxas, cansadas, largadas, desanimadas, conformadas com a situação. São muitas e variadas, mas estão todas lá. O que tem em comum é tão somente o fato de estarem lá. E todas se conhecem, sabem umas das outras, sabem até de suas diferenças, eventulamente julgam-se, eventualmente condenam-se, eventualmente abraçam-se. Mas sentem-se seguras pois estão lá. O banco é firme. É rígido. É verdade que ele é muitas vezes cansativo e enfadonho, que faz mal pra coluna e range com o menor movimento (o que leva ainda mais as bundas à inércia total), mas o importante é que ele mantém todas juntas e protegidas.

Do lado de fora dos templos estão os becos. Sujos, mal cheirosos, empoeirados, mal iluminados, estão repletos de gente. Nem todos os becos estão nas periferias. Existem becos em escritórios confortáveis e casarões das áreas nobres. Mas também há becos terríveis em favelas e vielas escuras. E há becos no conforto da classe média, escondidos atrás de carros financiados e carnês de lojas de roupas e eletrodomésticos.

Dizem que é por entre esses becos, todos eles, que anda um louco que não tem onde reclinar a cabeça (nem tão pouco um banco para sentar). Ele já passou pelos bancos, chamou todos aqueles bundões, convidou-os a romperem o lacre do velcro que os prende à madeira encerada, disse-lhes que haveria um grande banquete e que estavam todos convidados. Mas seria terrível para eles abandonar a segurança corporativista dos bancos. Traga a comida pra cá - eles gritaram. Mas o louco meneou a cabeça e seguiu convicto na direção dos becos.

E eu estou aqui, o maior entre os bundões, entre bancos e becos, e não sei pra onde ir.


"Então o dono da casa irou-se e ordenou ao seu servo:
‘Vá rapidamente para as ruas e becos da cidade e traga
os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos."
Lucas 14.21

9 de abril de 2009

As três páscoas

Séculos de humilhação. Subjugados, surrados, oprimidos. Ninguém!, ninguém entre nós faz a menor idéia do que seja a liberdade. Contam-nos histórias de antepassados distantes. Falam-nos de promessas. Todos falam, mas ninguém crê. Ao menos não cria. Coisas estranhas aconteceram ultimamente. Uma semente de esperança parece finalmente romper o solo seco.

Faraó teve sua chance. Teve várias. Mas negou a possibilidade de ser ele mesmo instrumento de graça sobre o oprimido. Poderia ele mesmo ter ouvido os primeiros sinais e nos entregue a liberdade. Não o quis. A vida será arrancada do forte e entregue aos fracos. As lágrimas secarão em nossos olhos e brotarão nos olhos do rei.

"O Reino será tirado de vocês e dado a quem der frutos".

Mas é preciso estar atento. Expectativa terrível. O cordeiro, o sangue, todos os preparativos. Malas prontas. Ervas amargas. Nada de fermento. Seremos finalmente livres.

"Foi para liberdade que Cristo nos libertou".
"Um pouco de fermento leveda toda massa".

Sob a luz das candeias, na calada da noite, esperamos todos pela passagem. Ele virá, dizem. Passará entre nós e colherá a justiça. A liberdade está às portas.

"Vocês precisam estar preparados, porque o Filho do Homem vem como ladrão".

Quando passar, procurará pelas marcas do sangue e dirá: meu sangue respingou sobre aqueles que me deram de comer quando tive fome, de beber quando tive sede, que me vestiram quando estava nu, me visitaram quando estava preso, sobre aqueles que lutaram para ser instrumento de graça ao cativo.

"Misericórdia quero e não sacrifícios".


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Vale a pena extrair o suco dos textos abaixo.
Todos de uma vez, um seguido do outro
pra deixar a coisa toda se misturar na mente:
- Êxodo 12.1-29
- Mateus 21.28 a 43
- Gálatas 5
- Mateus 24.42 até 25.46
- Oséias 6

6 de abril de 2009

Conselhos

Uma vez cheguei em casa e ela me perguntou:
– Você, que é padre, você já viu Deus?
– Mãe, a gente não vê Deus.
– Mas como, você, tantos anos padre, não viu Deus? Isso é uma vergonha para o padre!
– Mãe, a senhora vê?
– Lógico que eu vejo Deus. De vez em quando tem o pôr-do-sol, aquelas nuvens, fico olhando e ele passa com aquele manto, sorrindo, e atrás vem teu pai que já morreu, sempre olhando pra mim e rindo, e eu fico uma semana inteira com alegria no coração. – E me olhava com tristeza infinita – Como é possível que os padres não vêem Deus?

Leonardo Boff, falando sobre sua mãe.


[Meu pai] dizia:
– Deus inventou os padres, o sacerdócio. O diabo inventou o clero. O clero tem de ser enforcado com a tripa do último padre, porque a desgraça é o clero na Igreja (risos).
Então, ele já nos ensinava essas coisas desde pequeninos. Eu fui para o seminário dizendo:
– Olha, o clero tem de ser enforcado (risos).
Quase me mandam de volta! Uma frase que sempre guardo dele é:
– A Igreja Católica vive daquilo que Jesus não quis – isto é, poder, instituição, aparato. – A referência nossa tem de ser a Bíblia, porque ela é a palavra de Jesus, lá você não vê poder, não vê nada disso.

Leonardo Boff, falando sobre seu pai.
Fonte: Solomon

3 de abril de 2009

A nova tragédia de Santa Catarina

Texto escrito por Marina Silva dia 30 de março. No dia seguinte a proposta do novo código foi aprovado pelos deputados catarinenses. Agora ainda terá que passar pelas mão do governador.

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NO FINAL de 2008, as imagens da grande tragédia de Santa Catarina impregnaram de dor e perplexidade os olhos e corações de todos os brasileiros. Enchentes acontecem, mas o impacto foi muito maior devido à destruição sistemática do ambiente no Estado, campeão nacional de desmatamento dos remanescentes da mata atlântica na última década.

Agora, mais precisamente amanhã, nova tragédia ameaça Santa Catarina e o Brasil. Desta vez ela é política.

A Assembleia Legislativa votará, em meio a um megaesquema de propaganda agressiva contra os ambientalistas, projeto de lei que inacreditavelmente pretende, entre outros absurdos, reduzir a faixa de proteção das matas ciliares, nas margens dos cursos d'água, de 30 para apenas 5 metros!

Desde 2001 há iniciativas para elaborar um código ambiental estadual. Em 2006, entidades do setor produtivo recomendaram que ele se fundamentasse na "estrutura fundiária do Estado e em suas peculiaridades regionais". O que isso queria dizer vê-se agora.

Ao longo de 2007, debates coordenados pelo órgão ambiental estadual (Fatma) resultaram em proposta encaminhada à Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e entregue solenemente ao governador em março de 2008. Desde então, governo e membros da Assembleia desfiguraram de tal modo o texto que ele pode ser chamado de Código Antiambiental.

Retira competências e responsabilidades dos órgãos estaduais na proteção ambiental, reduz áreas protegidas e atenta contra a Constituição e a legislação federal, numa verdadeira desobediência civil às avessas, em nome de um pretenso desenvolvimento. Bons tempos em que a desobediência civil era praticada em favor da sociedade.

Desse tipo de desenvolvimento já conhecemos os resultados, tanto no nível global quanto no local, como muito bem sabem os catarinenses que perderam suas famílias e casas nas enchentes de 2008.

Aonde querem chegar? Impossível não associar o que acontece em Santa Catarina com as reiteradas tentativas, no Congresso Nacional, de mudança no Código Florestal para flexibilizar normas ambientais. Como a pressão da sociedade e a atenção da mídia nacional têm empatado essas articulações em Brasília, parte-se agora para uma estratégia de minar o código nos Estados, apostando no fato consumado de "leis estaduais" sob encomenda, que desfigurem a legislação federal.

Santa Catarina deu a senha para arrombar a porta. Agora é o momento de saber de que substância é feito o Estado brasileiro.

contatomarinasilva@uol.com.br

Marina Silva
Gentilmente surrupiado do excelente
blog blumenauense Um escambau.


Veja também:
Aprovação é preocupante - entrevista com Marina Silva
Código anti-ambiental - O eco
SC chafurda em Novo Código - blog da terra
Mexeram no código - de olho na capital

A trilha - Em todos os cantos
A trilha - O monstro

2 de abril de 2009

Pedagogia

(...) A Bíblia, portanto, não são as informações de Deus represadas em absolutos. Mas o testemunho imprescindível de como Deus vem se revelando às pessoas na história. Mais que uma teologia, uma pedagogia. O Deus da Bíblia não é teólogo, mas pedagogo. Um condutor paciente de um processo inacabado de aprendizagem da pessoa humana. Repleta de imprecisões e anacronismos, a verdade da Bíblia não é sua informação, mas sua formação, ou sua pedagogia. Novamente, Segundo nos ajuda a compreender: “Deus não parece se preocupar com o fato de revelar algo que seja verdade em si mesma, verdade eterna, verdade inalterável, mas que se torne verdade na humanização progressiva do ser humano.”