28 de junho de 2012

Urbano

Mendigo
Foto surrupiada do Flick de André Aguiar


Morto. Urbano morreu. E com ele a cidade. Ou pelo menos a praça onde Urbano viveu nos últimos 30 anos. Quase ninguém soube de sua morte. Foi encontrado por um passante casual. Os usuários frequentes da praça não viram, não souberam, não sentiram falta. Nem saberiam o nome do homem. Depois de algumas semanas, porém, começaram a perguntar um pro outro, "e o mendigo que tava sempre por aí?" "Ah é. Nunca mais vi." "Melhor assim. Já vai tarde".



26 de junho de 2012

Bate papo entre aspas

Então é isso. Nas próximas 2 semanas vai ter bate-papo sobre o livro Igreja entre aspas diretamente com o autor. Eu, no caso. Dias 6 de julho em Joinville, dia 12 em Blumenau. Você pode comprar o seu livro lá também, é claro. Ou pode devolver o que comprou, caso tenha achado um lixo. Mas o dinheiro, infelismente, a gente não devolve.

Você está insistentemente convidado. Apareça lá ou, pelo menos, ajude a divulgar, pra me salvar do constrangimento de ficar sozinho com as paredes. Suponho que haverá uns canapés, mas não garanto. Dúvidas e sugestões entre em contato com as respectivas livrarias. Os fones estão na imagem aí em baixo.


[clique na imagem pra ampliar]

22 de junho de 2012

Teologia do limão azedo

O mundo gira, rolando ladeira abaixo. As engrenagens frouxas, as peças voando e se espalhando pelo barranco. Enquanto isso, a dupla dinâmica Norma e Renato encabeça um importantíssimo movimento contra o uso de limão e doce de leita antes da 'ceia do Senhor'. Pelamadrugada. Eles é que chuparam limão e ficaram azedos.

É sério, minha gente. Os caras estão revoltados com o pessoal da Fraternidade Teológica Latino-Americana porque serviram limão e doce de leite como uma metáfora da vida, ao mesmo tempo doce e azeda. E quem ficou azedo foi a dupla de blogueiros, achando um horror, uma aberração, uma "afronta às escrituras". E tem uma infinidade de comentários de gente que concorda com eles. Fiquei de cara!

Aqui em Blumenau, essa terra germânica, já fizemos ceia com chope e salame alemão. Se os caras ficarem sabendo disso acho que vão ter um chilique.

É a relevância da teologia brasileira mostrando toda sua força.


4 de junho de 2012

Chuvarada

Chuva
Foto surrupiada do Flickr de Graciela Dias


Num dia frio e chuvoso é preciso sair de casa.
Expor o corpo quentinho à molhadeira da chuvarada.

É inverno, seu Santos dorme na rua, corpo extendido no chão duro, ninguém sabe porque. Ninguém nem quer saber.

É inverno e eu cozinho pinhão na panela de ferro, o sofá vazio, a casa quentinha e vazia.

É inverno lá fora, e sempre será. Tanta gente vagando no frio, mesmo que fosse verão.

A chuvarada castiga, o inverno não passa.
Entra ano, sai ano, o inverno não passa.
E eu aqui, casa quentinha, café na mesa.

Por quê não ponho a cara pra fora e trago de lá um corpo encharcado?
Por quê, se tenho a casa seca e quentinha, não seco e aqueço meu irmão?

Hoje é frio e chuvoso e sei que preciso sair de casa.