16 de julho de 2007

Igreja

A igreja evangélica faz parte da minha história, desde que possa me lembrar. Através dela conheci pessoas extraordinárias. Aprendi muita coisa boa. Tive experiências maravilhosas. Tenho uma dívida de gratidão impagável em relação a muitos que destinaram um pouco (ou muito) de seu tempo para me ensinar o que criam ser o que Deus gostaria que eu soubesse.

Mas dela também vieram alguns males. Alguns vícios da religião que vão contra aquilo que me parece hoje ser o que Jesus pretendeu ensinar. Não quero entrar no mérito sobre de quem foi a culpa, se da mensagem, do emissor ou do receptor. O certo é que assumi alguns valores errados. E cri neles. E os defendi. Pior de tudo: eu os ensinei.
Descobri que boa parte do que eu chamava de fé era pura religiosidade. E que minha confiança estava muito mais baseada na instituição que aprendi a chamar de igreja do que realmente em Deus.

Hoje creio que a organização humana que chamamos de igreja pode ser boa como forma de organizar a verdadeira Igreja que existe independentemente dela. A partir do momento em que a instituição passa a ser confundida com a Igreja, que seus ministros são vistos como sacerdotes, que a frequência a reuniões passa a ser vista como algo útil em si mesmo (e que conta pontos nas nossas fúteis tentativas de agradar a Deus), que o templo passa a ser lugar mais "santo" que os demais, aí já era! Virou mais uma religião.

Quando os adeptos dessa religião passam a se sentir superiores aos outros, quando os membros do clube passam a fiscalizar a vida alheia, quando os líderes da instituição se sentem no direito de criar regras e afirmar que essas são a vontade de Deus, aí virou doença. Melhor pular fora.

Mas há também instituições que existem para servir à Igreja, sem pretensão de dominá-la. Nessas, os líderes são apenas servos, a liberdade é sagrada, o respeito às diferenças é inegociável, todo julgamento é condenado, a única lei é o amor e a Graça é pregada em todas as reuniões, quer como mensagem, quer como maneira de se pregar outra mensagem.

Tais instituições existem? De maneira completa e perfeita não. Mas existem alguns lutando por isso. Existem alguns lugares onde se teve coragem de jogar no lixo tudo o que é lixo. Muitos líderes estão enxergando tudo isso e tendo coragem de renunciar muito do que um dia já defenderam, por terem compreendido que aquilo nada tinha a ver com o que Jesus ensinou.

A Igreja não depende de instituição alguma.
Dons não dependem de instituição alguma.
Ser discípulo de Jesus não depende de instituição alguma.

E, se e a instituição quer existir (e sim, creio que ela possa ser útil), ela que se enxergue e se recolha a seu lugar de serva e não dominadora.

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