Todo cristianismo que se fundamenta sobre uma dicotomia - algum tipo de conceito platônico - é evidente que não tem resposta para o problema da natureza, e devemos dizer, com lágrimas nos olhos, que muito do cristianismo ortodoxo e evangélico está enraizado num conceito platônico, cujo interesse está no "supra-hitórico", nas coisas celestiais - somente na "salvação da alma" e a glória do céu. Nesse conceito platônico, ainda que se use a ortodoxia e terminologia evangélicas, há pouco ou nenhum interesse nos prazeres do corpo e no uso racional do intelecto.
Nesse tipo de cristianismo manifesta-se uma forte tendência em não ver na natureza nada mais que a clássica prova de demontrarmos a existência de Deus. "Olhe a natureza", dizem, "olhe os Alpes. Só um ser como Deus poderia tê-los feito". E isso é tudo. A natureza tem sido relegada a simples prova acadêmica da existência do Criador, com pouco valor em si mesma. Os cristão que assim pensam não têm o menor interesse na natureza tal como ela é. Usam-na como uma arma apologética, em lugar de pensar e falar do seu valor intrínseco e real.
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Francis Schaeffer em
A poluição e a morte do homem
página 45
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