28 de dezembro de 2009

Encontro


Encontro das Àguas, upload feito originalmente por Henrikê.



Por certo não serei o primeiro nem o último a observar essa estarrecedora metáfora da natureza. O fato é que ela me foi dada aos olhos e fez dançar meus cabelos com o vento quente e forte da Amazônia, enquanto eu deslizava sereno pelas águas calmas do rio Negro, sob o olhar dourado do sol.

Conta-se que dois guerreiros, vindos de lugares distantes, encontraram-se casualmente no coração da floresta. Um deles, profundo, introspectivo, circunspecto, reflexivo, caminhou desde muito longe sempre convicto e decidido. Venceu sem titubear as dificuldades que se ergueram traçando seu caminho com serenidade e distinção. O outro, relacional, subjetivo, inconstante, emotivo, deixou-se influenciar por tudo e todos, numa mistura festiva de água e lama.

Eram ambos água, mas diferentes em tudo.

O encontro gerou certa desconfiança no início, mas não os afastou. Emparelharam-se, analisando um ao outro, ressabiados e curiosos. Deslizaram lado a lado pela floresta, ombro a ombro, cada um do seu jeito, mas não por muito tempo. O longo percurso sujou de lama, aos poucos, o introspectivo e lavou o inconstante. Enquanto serpenteavam pelo relevo enfrentendo juntos sol e chuva, cheias e secas, cortados por motores, bebendo óleo e engolindo lixo, a desconfiança tornou-se respeito, o respeito admiração, a admiração amor.

O percurso os uniu e já não são dois.

São água, portanto, semelhantes em tudo.

Um comentário:

  1. Mas que post lindo! Lindo!!!

    Um dia vou conhecer a Amazonia também.

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