Porque nem só de louvores vive um hinário.
Toda tragédia só me importa
quando bate em minha porta
Classe Média
Max Gonzaga
Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos”
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote CVC tri-anual
Mais eu 'tô nem ai
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não 'tô nem aqui
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com o Estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelô, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no “jardins”
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não 'tô nem ai
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não ´tô nem aqui
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida
Conheça as outras músicas do
Hinário da Trilha.
Hinário da Trilha.
UAU!!!! Há uns tres anos que procuro essa gravação para por no meu blog e não coseguia...
ResponderExcluirBom, né.Vou recomendar.
Meu pc-que-nã0-é-meu está comendo letras. É capaz de ter indigestão e parar de funcionar...
ResponderExcluirMeu, isso bem agora, é a melhor análise antropo-sócio-filo-político-economico-religiosa do complexo do Alemão!!!
ResponderExcluirÉ ótimo D. Urtigão. Aproveita. Põe no blog, divulga. Como disse o Rubinho, a coisa tá 'supercontextualizada' com o momento!
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