Conheci a Marcia numa quinta-feira. Estava sentada em um degrau, tomando uma cerveja. Cheguei, pedi licensa, sentei, puxei papo. Logo chegou outra mulher, a Lu. Veio vindo, falando alto enquanto atravessava a rua, me cumprimentando como se já me conhecesse e sentando-se ao nosso lado.
A Lu contou que chegou em Curitiba acompanhando o marido, que ficou internado no Cajuru para uma cirurgia no intestino enquanto ela foi para uma pensão. Quando ficou sem dinheiro, uns dias depois, foi acolhida pela Marcia, que dividiu com ela graciosamente tudo o que tinha: o papelão onde dormia, o espaço debaixo da marquise do Bradesco e os carros dos quais cuidava por uns trocados. "Um anjo de Deus", disse a Lu...
Semana passada fui visitá-la novamente. Soube que a cirurgia do marido da Lu havia corrido bem e que ambos tinham voltado para São Paulo. Achei que com o movimento gigantesco na rodoviária por conta dos feriados, a renda diária cuidando dos carros deveria estar maior naqueles dias. Mas não estava. A Marcia pára de qualquer jeito quando faz R$ 20,00 e deixa os outros carros para outros cuidadores.
"Não é bom ter muita ganância", me ensinou ela.
Precisamos lançar a Márcia para presidente do país, e o menino que dividiu o lanche pra ministro da fazenda...
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