"O luxo é a manifestação da riqueza grosseira que quer impressionar quem permaneceu pobre. É a manifestação da importância que se dá à exterioridade e revela a falta de interesse por tudo que seja elevação cultural. É o triunfo da aparência sobre a substância.
O luxo é uma necessidade para muitas pessoas que querem ter um sentimento de domínio sobre os outros. Mas os outros, se são pessoas civilizadas, sabem que o luxo é fingimento; se são ignorantes, admiram e talvez até invejem os que vivem no luxo. Mas a quem interessa a admiração dos ignorantes? Aos estúpidos, talvez.
O luxo é, de fato, uma manifestação de estupidez. Por exemplo, para que servem torneiras de ouro, se delas sai uma água contaminada? Não será mais inteligente, com o mesmo dinheiro, mandar pôr um filtro de água e ter torneiras normais? O luxo é, pois, o uso errado de materiais dispendiosos sem melhoria das funções. É, portanto, uma estupidez.
Naturalmente, o luxo está ligado à arrogância e ao domínio sobre os outros. Está ligado a um falso sentido de autoridade...
No passado, um cretino sentado num enorme trono podia, talvez, impressionar, mas hoje, e sobretudo amanhã, espera-se que não seja mais assim. Desaparecerão os tronos e as poltronas de luxo para os dirigentes impostos, os móveis especiais para os chefes, as grandes cadeiras luxuosas colocadas em estrados de mogno, os ornamentos, as hierarquias e tudo o que servia para impressionar. Em suma, quero dizer que o luxo não é uma questão de design."
Bruno Munari, designer, em seu livro "Das Coisas Nascem Coisas".
Cara esse texto é um luxo... no bom sentido, claro!
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