17 de maio de 2013

A trilha



Há uma trilha onde ninguém põe os pés a não ser que chore.
A não ser que sofra, que se derrame em lágrimas, que se desmonte.
Ela leva até os lugares mais altos, mas passa pelos mais profundos vales.
Tange despenhadeiros e se lança inconsequente em abismos escuros.
Cruza planícies infinitas de areia e sol, e se arrasta em grotas úmidas.
Não foi traçada em mapa algum e percorrê-la é andar às cegas, é um calvário, é cruz.

Mas ah... como é linda!
Como dança entre vales e montes, sinuosa, leve, sutil.
Como canta, feito sereia e sussurra segredos.

Há uma trilha onde ninguém põe os pés a não ser que cante.
A não ser que deite-se humildemente sob as estrelas.
Ela percorre vales e desertos, mas toca o céu e abraça nuvens.
Banha-se em véus de noivas e flutua leve sobre colinas e campos floridos.
Desliza em dunas de areias pra lançar-se alegre e viçosa ao mar.
Não foi traçada em mapa algum e percorrê-la é voar livre, é eternidade, é ressurreição.

Há uma trilha onde ninguém põe os pés a não ser que ame.

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