Foto: Silvestre Kuhlmann no Sarau Facamolada de 2011. |
Depois de mais de dois anos, fomos ontem ao teatro. Desde 2002, quando nos mudamos pra Blumenau, o Teatro Carlos Gomes se tornou parte da nossa rotina. Íamos em muitos e muitos shows e eventos culturais, com os filhos pequenos pendurados nos braços.
Lá nossos filhos aprenderam a silenciar e ouvir. A ver as luzes, as cores, os movimentos. A perceber a multiplicidade dos sons, a interação entre eles e os movimentos, as tantas camadas de beleza entretecidas nessa variedade vertiginosa de sutilezas sensíveis, criativas, fortes. Viram o poder redentor dessa beleza em suas infinitas formas.
Na Escola de Música do Teatro eles mergulharam nesse universo paralelo do mistério dos sons. Das aulas de musicalização, violino, piano e violão iam para a biblioteca até chegar a hora em que a Sandra conseguia buscá-los. O SESC também cumpriu esse papel - aulas de música, artes, biblioteca. Um monte de gente querida cuidou deles pra nós nesses lugares de descobertas. Que mundo de privilégio desfrutaram meus filhos. Quisera fosse acessível a todos.
O Teatro e o Sesc também nos acolheram quando nos aventuramos a promover as 8 lindíssimas edições do Sarau Facamolada. Abriram suas portas, nos receberam e incentivaram, com graça generosa e afetuosa.
Aí veio a pandemia. E veio o ataque e o desmonte da cultura por esse desgoverno de trevas. E a ignorante estigmatização da arte por esse levante moralista medieval que ainda tenta nos engolir a todos. Tudo junto num banho de desalento.
Até que voltamos ao teatro. No caminho de casa pra lá já fiquei emocionado. 'Estamos voltando', pensei cheio de esperança, enquanto uma infinidade de lembranças me umedecia os olhos.
E, depois de muitas belezas (baita banda, baita show, baitas canções), o bis do John Muller começou com Belchior: "ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro".
Não morro mesmo.
Anota aí.
Estamos voltando.
0 comentários:
Postar um comentário