21 de março de 2007

Acerca do chamado

Queria muito ter um 'chamado', daqueles que a gente ouve em testemunhos nos encontros de missões. É o sonho da minha vida. Ter meu destino traçado. Poder lutar por um caminho revelado em detalhes.

Mas se Deus um dia lançou um facho de luz sobre mim, ou sussurrou no meu ouvido, iluminando o caminho, revelando o próximo passo, eu jamais vi, jamais ouvi.

Tudo que tenho são pensamentos, desejos, intenções, sensações. Sempre com uma ponta de dúvida, de receio.

Ainda assim me resta o consolo de que toda a boa dádiva provém do pai das luzes. De modo que se meus pensamentos, desejos, sonhos, impressões, sensações, são motivados por um desejo sincero de servir em amor, então eles todos provém de Deus. Ainda que eu tenha pensamentos conflitantes, posso confiar em um Deus que está comigo independente de minha escolha, pois foi ele que me deu a capacidade de sentir, pensar, planejar e escolher.

Isso, obviamente, não elimina a necessidade da oração. Mas elimina a necessidade da resposta clara, mística, mágica. Até porque, se Deus nos desse sempre esse tipo de resposta, estaria eliminada a necessidade da fé. E sem fé, todo mundo sabe, é impossível agradar a Deus.

Aí fica claro, como disse Jacques Ellul, que a fé reside na dúvida. E o que agrada a Deus, no fim das contas, são as escolhas inseguras e titubeantes que me levam a agarrar nEle em cada passo.

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