A vida é a arte do encontro, já dizia o poetinha. Mas encontro demanda tempo, ou é apenas mais um esbarrão. E, meu Deus do céu, quem é que tem tempo hoje em dia? Suspeito, entristecido, que somente o esbarrão nos restou na correria dos centros urbanos. Encontro é peça de museu.
Nos esbarrões nos permitimos uma brevíssima parada, mas jamais sem abrir mão da angústia (que é nosso vício) pelo próximo compromisso. Mas 'próximo' é como 'amanhã' ou 'futuro': não chega nunca.
Poucos segundos e duas ou três frases clichês depois de um esbarrão casual em uma esquina qualquer, o amigo fica para trás e seguimos à procura do vento, em busca de um lugar no futuro ou de um sono tranquilo, conforme profetizado pelo Paulinho da Viola.
Se a vida é a arte do encontro, a morte é feita de esbarrões.
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> Originalmente publicado no site da Revista Ultimato.
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