10 de novembro de 2016

Bruma



Nasce a manhã branca e densa
Densa como um manto pesado e inerte
Que se impõe diante de meus olhos
E sequestra o horizonte
E os montes, e o mato
E me coloca diante do vazio
Num hiato do tempo-espaço
No angustiante nada

Até que por trás de mim
Nessa manhã branca e densa
Surgem os raios amarelos do sol
Me aquecendo as orelhas
E o manto branco e denso brilha intenso
Como emitisse agora sua própria luz 
E mansamente,
De forma muito, muito sutil
Começa uma dança lenta,
Suave, sinuosa, sensual
Com movimentos discretos
Abrindo suas tramas d’água
Revelando transparências
Como voal embalado na brisa
Enquanto desnuda
   [ À pouco ainda velados
   Agora exuberantes ]
Planos, cores, perfis
Distâncias, movimentos...
E vida


Novembro de 2016

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