DA SÉRIE CAIUÁS
Quinta
O último dia com as crianças do Cerro foi diferente. Os brinquedos do dia anterior animaram a criançada (pe mita-qwera). Compareceram cerca de 115 crianças e algumas mães. Para nosso grupo foi muito mais complicado. Mas graças a Deus tudo correu tranquilamente. Os indiozinhos são muito comportados. Se juntássemos 115 crianças caraís numa salinha daquelas do Cerro, seria impossível contar uma história. E haviam muitos bebês ali. A maioria levando no colo e cuidado durante toda manhã por um irmão maior, às vezes com 5 ou 6 anos. Imagine entre nós, uma criança de 5 anos saindo sozinha de casa, 7h30 da manhã, com seu irmão de 1 ano no colo, pra retornar somente ao meio-dia! Pois é assim entre eles. Os bebês não usam fralda, o que acaba ocasionando vazamentos freqüentes. Assim ficam ambos molhados, durante boa parte da manhã.
Pelo grande e inesperado número de crianças, tivemos que repartir os lanches ao meio. Isso cortava o coração. Eles saem de casa de barriga vazia e sei lá se terão algo para o almoço. A sala ficou pequena e muito quente. Levamos equipamento para projetas as fotos que tiramos nos dias anteriores na parede. Os olhos da criançada brilhavam. Sorrisos e risadas inundaram o local.
A última parte da historinha que estava contando aconteceu debaixo de uma grande árvore, ao ar livre, com as crianças sentadas no capim. Achei aquilo lindo, além de evidentemente mais fresco que dentro da sala. No final da história fiz um apelo desses bem tradicionais. Ali no Cerro poucos conhecem o Evangelho. A criançada (e algumas mães) aceitaram em massa. Já considerei isso motivos de festa pelo dever cumprido e as “almas ganhas”. Hoje sei que é um grande motivo de oração. Uma semente caiu por ali. Enfatizei bastante a importância deles conhecerem Jesus de verdade, suas histórias, sua vida, o que ele fez e ensinou, e que um amigo de Jesus é alguém que tenta imitá-lo. Minha oração é que o tempo que passamos juntos contando histórias, cantando e brincando, seja uma semente de amor que o pessoal da Missão possa seguir regando. E que isso transforme as vidas e dê pra eles um pouco mais de esperança no futuro.
À tarde fui pra região de Taquara. Caminhamos bastante até chegar em uma casinha isolada. A família ali nunca tinha ouvido falar nada sobre o Filho de Deus. Foi muito interessante conversar com eles sobre o amor de Nhandedjara. Eles ganharam também um novo-testamento Caiuá.
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Veja também:
MISSÃO CAIUÁ
1. Chegada
2. Campo (de futebol) missionário
3. Olhares desconfiados
4. A palestra de domingo
5. Finalmente, janela aberta
6. Uma índia assassinada
7. Coragem
8. Uns semeiam, outros regam...
9. Velório, protesto e Eric Clapton
10. Gincana, oficina, esporte e muita história
11. Gratidão
12. Alegria e lágrimas
13. Brasil, emaña yvate
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