DA SÉRIE CAIUÁS
Segunda
A programação na escola do Cerro começava às 8h. As crianças foram chegando aos poucos, meio desconfiadas. Sentavam nos cantos da sala, encostados na parede, mantendo uma distância segura dos caraís. Até às 9h, já tínhamos mais de 60 crianças. Creio que a hora mais esperada era o lanche. Algumas bolachas e água arrancaram sorrisos enormes dos rostos antes tão retraídos. No final, depois de histórias, músicas e brincadeiras, fizemos uma grande cruz no chão, de papel kraft, onde cada um pode deixar sua marca com tinta guache, usando os dedos. Eles começavam a se soltar um pouco.
Passei a tarde na missão, escrevendo, lendo e matutando um pouco, no conforto de minha velha rede, companheira de muitas aventuras.
No fim da tarde, caiu um toró de dar gosto. O futebol com os índios foi num banhado. Mais um exemplo de diversão para caraís aficcionados por placar, competição e vitória.
A primeira das 4 palestras da noite sob o tema “decisões”, foi sobre o fumo. As outras 3 seriam drogas, álcool e Jesus. O índice de viciados entre eles é assustador e atinge homens, mulheres e crianças. O alto índice de violência, brigas, assassinatos, suicídios e problemas familiares dentro da aldeia está, evidentemente, diretamente relacionado a esses vícios.
O mosquiteiro da janela do quarto só ficou pronto hoje, graças à engenhosidade do companheiro Toninho. A noite será bem mais agradável com a janela aberta.
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Veja também:
MISSÃO CAIUÁ
1. Chegada
2. Campo (de futebol) missionário
3. Olhares desconfiados
4. A palestra de domingo
5. Finalmente, janela aberta
6. Uma índia assassinada
7. Coragem
8. Uns semeiam, outros regam...
9. Velório, protesto e Eric Clapton
10. Gincana, oficina, esporte e muita história
11. Gratidão
12. Alegria e lágrimas
13. Brasil, emaña yvate
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