Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.Essas foram as palavras finais de Jesus, antes de deixar seus discípulos. Certamente foram palavras de grande importância, como quando um pai, antes de viajar, chama seu filho para dar alguns conselhos. Ele quer estar certo de que o filho vai saber como se comportar na sua ausência. Não é a toa que o texto foi apelidado de “a grande comissão”.
A dificuldade, no entanto, está em definir os termos que Jesus usou. Afinal, o que é ‘fazer discípulos’? Parece que resumimos essa ‘comissão’ à levar alguém para a igreja (como se a igreja fosse um lugar) para que lá ele seja doutrinado e passe a ter o padrão de comportamento que chamamos de ‘evangélico’. E quando lemos o versículo 20, temos a impressão que a coisa toda se confirma. Afinal, na ‘igreja’ vão ensinar nosso ‘discípulo’ direitinho a obedecer as regras. Mas aí vem a segunda pergunta. O que é mesmo que Jesus ordenou?
Creio que nossa missão está muito mais bem descrita no texto de Lucas 10.25 – 37.
E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? E, respondendo Jesus, disse:Toda a argumentação de Jesus daí pra frente é a resposta a uma pergunta clara do seu inquisitor - como alcançar a vida eterna? É certo que nós entendemos que o texto de Mateus 28 está diretamente relacionado com a ‘vida eterna’. O assunto, então, é o mesmo de Lucas 10.
O próprio mestre da lei dá uma bela resposta à questão. E Jesus concorda com ele. Mas essa resposta é muito vaga. Como é que isso se manifesta na prática? Essa é a pergunta que realmente interessa ali. E é nesse ponto que Jesus começa a contar sua história.
Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.Ele começa narrando a condição do homem. Como se encontra aquele a quem o Evangelho quer alcançar. Como se encontra o povo Caiuá (e, certamente, nós caraís também, do nosso modo). Na beira da estrada, caído, surrado, roubado, abandonado. (v 30)
Em seguida, descreve aquela que é, miseravelmente, a minha condição. Como eu me porto diante de um possível discípulo de Jesus. Passo por ele ou, quando muito, paro rapidamente ao seu lado, entrego um belo folheto e digo: Jesus te ama! Afinal, não tenho tempo à perder com ele. Meus objetivos são outros. São maiores. Família, trabalho, lazer, descanso, igreja. (v 31 e 32)
Mas finalmente aparece alguém que não tem tantos compromissos. Alguém disposto a abrir mão de algumas de suas ocupações, de suas responsabilidades. Alguém disposto a ‘perder tempo’. Alguém com coragem de correr o risco, de pagar o preço, de sujar as mãos. Ele trata o ferido, como Jesus tratou seus discípulos. Ele não se preocupa com o mundo e todas as suas exigências, porque entende que aquele homem vale mais que o mundo. Ele não pensa em números, porque sabe que um vale mais que uma multidão (Lc 15.6-7). Esse homem não era um filantropo profissional. Não era um missionário, um assistente social. Ele tinha objetivos, projetos. Estava caminhando na estrada como os outros, tinha um destino, um lugar pra ir, um compromisso. Mas estava sensível ao que acontecia à sua volta. E disposto a parar.
Vai e faze da mesma maneira.
A grande comissão é, portanto, a comissão do serviço, da auto-doação, de relacionamentos, de vidas que se encontram no caminho e se amparam, se cuidam, o mais forte carregando o mais fraco, e se saram.
O que Jesus quer de nós é que, aos poucos, essa comissão vá tomando lugar em nossas mentes, corações, vidas, dia-a-dia. Porque nós passamos constantemente ao lado de vidas caídas pela estrada, mas nem sequer os vemos. E quantas vezes nós mesmos caímos e vemos tantos conhecidos passando de lado. Mas se nossas mentes e corações forem se abrindo para essa comissão verdadeira, ele vai abrir nossos olhos. E então dependerá de nós optarmos por parar, estender a mão e fazer discípulos.
Esses 10 dias com os índios deixaram marcas profundas. E o que peço a Deus é que essas marcas permaneçam. Mais do que isso. Que elas cresçam, inflamem, doam. Porque somente com essa dor é que vou ter coragem e compaixão suficientes para parar à beira do caminho.
E se alguém estiver questionando onde está, no meio dessa dor, a alegria daquele que serve à Cristo, vale lembrar que Cristo chamou de felizes aqueles que choram. A alegria verdadeira parece estar bem mais próxima da dor do que do conforto. A vida em abundância que nos é oferecida por Jesus, só pode acontecer em meio às lágrimas.
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Veja também:
MISSÃO CAIUÁ
1. Chegada
2. Campo (de futebol) missionário
3. Olhares desconfiados
4. A palestra de domingo
5. Finalmente, janela aberta
6. Uma índia assassinada
7. Coragem
8. Uns semeiam, outros regam...
9. Velório, protesto e Eric Clapton
10. Gincana, oficina, esporte e muita história
11. Gratidão
12. Alegria e lágrimas
13. Brasil, emaña yvate
eu tenho muita alegria para repartir.
ResponderExcluirquem me ajuda a distribuila?
preciso de: um sacerdote que se incomode com as causas dos deficientes,um médico vocacionado para a mesma causa, para dar a supervisão dos processos, e um engenheiro para inspirar confiança e dar acompanhamento técnico...
se te sentes chamado, escreve para:
domingosmaria56@gmail.com
a comição em que tevais integar, dará origem a um instituto para glória de Jesus Cristo e provaito dos deficientes que querem trabalhar e ninguem lhes abre a porta...
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