Esses caminham ofegantes com os olhos fixos no horizonte. Saltam, tropeçam, caem e levantam-se, extenuados, esperançosos e desconfiados. Já galgaram centenas de colinas e continuam depositando esperança cada vez mais tênue na próxima. Enganam-se a si mesmos entoando o mantra - o meu dia há de chegar.
Mas um pequeno grupo subversivo insiste em viver de outra forma. Loucos, insanos, sustentam que o triunfo já foi alcançado por competidor generoso que extendeu-o a todos. Se caminham para a próxima colina, o fazem unicamente para desfrutar do caminho em si. Intuiram que não há nada lá que já não esteja à disposição aqui. E resolveram desfrutar daquilo que está ao seu alcance. Imprudentes precipitados, não se preocupam com sujeira, lama, olhares desconfiados ou dedos em riste. Perceberam inconscientemente que ninguém desfruta do amanhã. Toda a emoção da vida reside no instante, no momento. E, cientes disso, lançam-se corajosamente de peito no barranco, e deslizam entre terra e risos sob os olhares de desaprovação dos sensatos, que ocultam em seus corações o arrepio horrível de pavor, fruto da embaraçosa sensação de que o pequeno grupo é que está certo.
(Lc 18.16)
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