Do ponto de vista do novo testamento, porém, tudo que diz respeito à igreja está relacionado tão somente ao agrupamento voluntário de gente que reconhecia um mesmo espírito entre si, o espírito do evangelho de Cristo, das boas novas da salvação, da mensagem da reconciliação, da graça, do amor e do acolhimento mútuo. Era gente encontrando-se por gosto, por prazer, por reconhecer-se no outro. Era gente disposta a compartilhar dores, sofrimentos, alegrias, prazeres, vinho e pão. E, nesse compartilhar voluntário de vidas, os dons eram livremente manifestos, e havia crescimento, fortalecimento, comunhão, ensino, cura, repreensão amorosa, serviço...
O que temos hoje como elementos intrínsecos à igreja, não passa de agregados, enxertos, enfeites, penduricalhos. Não são todos necessariamente maus, mas certamente não são inerentemente bons. As hierarquias, os cargos, a membresia, as ordenações, os rituais, os pré-requisitos, tudo isso é circunstancial e, por isso, descartável ou, para os mais apegados, renovável. A melhor definição de igreja foi dada por Vinícius de Morais:
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero
(Vinícuis de Moraes no musical “A Arca de Noé”)
Está aí a melhor definição bíblica de igreja que pude conseguir. Uma casa não-casa, cheia de graça e construída com esmero em lugar nenhum, porque é móvel, ágil, fluída, como uma pipa carregada pelo vento. E esse é o grande mistério e o grande pavor. Porque nosso desejo é sempre o de controlar, contabilizar, proteger e erguer, com o suor do nosso rosto, uma nova Torre de Babel.
A casa
Vinícius de Moraes
Veja também:
The Beatles e o Evangelho do Reino
Essa igreja é legal. Só não gostei do endereço.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBelo texto!
ResponderExcluirMas eu gostei mesmo foi do endereço; é preciso ter a sensatez de um bobo para aceitar uma casa assim, feita de um concreto tão desenvolto como uma pipa.
A definição do Vinícius é mesmo a mais perfeita.
Abraço fraterno.
Pois é. Eu também achei o endereço o ponto forte dessa igreja. Afinal de contas, esse negócio de Evangelho é mesmo coisa pra maluco.
ResponderExcluirOk, seus bobões.
ResponderExcluir:o)
O PAVA está montando 1 Newsletter só para blogueiros. Por favor, me envie um e-mail para que eu possa colocar seu e-mail na lista.
ResponderExcluirvitorferolla@gmail.com
Obrigado!
Essa é a Igreja que convivi nestes últimos meses, éramos um grupo reunido embaixo de uma árvore em Mazamba (confira o pilgrimageofson.blogspot)encontrando-nos para rezar ao mesmo Deus. No fundo não sabemos bem o que fazer além do programa prescrito, e isso é o que me faz perguntar...tendo ou não arede ou cobertura, nós como estrutura orgânica (I Co12; Ef 4:15,16) neste Corpo estamos um pouco caricaturados. Ah, realmente a maior missão está em sermos interiormente santuário deste Deus que cremos, e enquanto não temos essa essencia, então, nos conformamos, com tijolo, pau, pedra e placa de denominação que diz: minha doutrina é ESSA! Deus abençoe.
ResponderExcluirDeus não quer templos de madeira, tijolos ou concreto, ele prefere nossa carne, a Biblía é bem clara quanto a isso, a igreja de Cristo somos todos nós! Quer o endereço? Se olhe no espelho e reflita sobre sua existência!
ResponderExcluirMário Luiz