23 de julho de 2009

Ele é meu irmão II

Já comentei aqui uma vez, se não me engano por ocasião do aniversário do Tuco, sobre o grande companheiro que ele sempre foi para mim. Me lembro dele nenezinho. Com o passar do tempo, os três anos de diferença de idade (naquela época a meu favor - hoje contra mim) foram significando cada vez menos. Logo éramos praticamente gêmeos.

Fizemos muita coisa juntos. Foram muitas aventuras e não poucas vezes colocávamos a vida um nas mãos do outro em absoluta confiança. Frequentamos sempre as mesmas igrejas e lá trabalhávamos no que podíamos, e fomos sempre guris de bom comportamento exterior, crentinhos exemplares. Nada porém que motivasse alguma boa conversa a respeito. Nosso companheirismo esteve sempre ligado às brincadeiras e aventuras.

Uns anos atrás uma coisa aconteceu. Ele em Blumenau e eu em Curitiba, vivemos uma aventura diferente. Sem que um soubesse exatamente o que o outro estava pensando, passamos, num mesmo período, por uma revolução em termos de fé. O meu companheiro de praia, de pedaladas, de escaladas e outras aventuras agora era também um companheiro de fé, como nunca antes havíamos sido.

De lá pra cá vi, na vida de meu irmão, algo bonito de se ver. Vi a fé crescer, passando por cima das crenças religiosas. Vi o amor pelas pessoas levar o rapaz arredio e meio anti-social a dar passos cada vez maiores em direção a elas. Vi crescer nele a disposição de seguir a Jesus de fato, levando a sério as palavras de nosso mestre. E vi a humildade de reconhecer a distância que ainda o separa desse objetivo. Vi os valores e pensamentos tornarem-se mais profundos. Quase não posto aqui no blog porque ele faz isso muito melhor do que eu, então prefiro ler.

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Conheço meu irmão o suficiente para saber que ele não se sente bem com esse papo. O guri não é muito dado a elogios. Só que a idéia aqui não é elogiar mas apenas dizer, nesse espaço onde ele tem muitas vezes rasgado o coração:

Vai firme, mano velho!
O caminho é esse e ambos sabemos que não há mais como voltar atrás.
Se for pra alguém achar ruim, que seja pelo seu excesso de amor. Pelo excesso de simplicidade na fé. Pelo excesso de desapego institucional. Pelo excesso de compaixão, pela vontade (pelo jeito herética) de encontrar na eternidade o mais "inaceitável" de nós. Pela teimosia em levar a sério o exemplo do carpinteiro indomável, pela mania de dar mais importância aos homens do que às solenidades, pela insistência descabida de ver Deus nos lugares e pessoas mais inesperados, pela ingenuidade de achar que o amor deve ser manifestado em atitudes, pelo desperdício de tempo e energia com gente que não entrará na contabilidade igrejenta.

Que seja por tudo isso que tem te tornado, um passo depois do outro, mais parecido com o exemplo de Jesus.

4 comentários:

  1. É irmãozão. É muito legal ver que continuamos companheiros de trilha.

    Que seja por isso.

    Obrigado (pelo texto e pelo vinho que peguei ontem lá na tia Stela :-).

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  2. Anônimo11:34 AM

    QUERO FAZER USO DO EVANGELHO MALTRAPILHO;
    SE MANTEMOS A MENTE ABERTA COMO A DE UMA CRIANÇA, DESAFIAMOS IDÉIAS ESTABELECIDAS E ESTRUTURAS RÍGIDAS, INCLUINDO AS NOSSAS!!! OUVIMOS PESSOAS DE OUTRAS DENOMINAÇÕES E RELIGIÕES E NÃO ENCONTRAMOS DEMÔNIOS NAQUELES DE QUEM DISCORDAMOS. PERMANECEMOS FOCADOS E PLENAMENTE CONSCIENTES DE QUE A VERDADE DE DEUS NÃO PODE SER APRISIONADA NUMA DEFINIÇÃO PEQUENA. É CLARO QUE A MENTE ABERTA NÃO ACEITA TUDO INDISCRIMINADAMENTE, ELA PORÉM, PERCEBE QUE A REALIDADE, A VERDADE E JESUS SÃO INACREDITAVELMENTE SEM LIMITAÇÕES.
    COMO O TATO FALOU: O CAMINHO É ESSE
    E ESPERO QUE NA ETERNIDADE VOCÊ ENCONTRE EUZINHA (A MAIS INACEITÁVEL DE NÓS)
    PAULA

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  3. Acho que vamos tomar um vinho juntos lá Paula. Aliás, esse é um dos motivos que me faz desconfiar que muitos crentes optarão pelo inferno quando, no dia do grande banquete, virem vinho e cerveja serem servidos :-).

    Valeu.

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  4. Baita depoimento. Baita declaração de amor fraternal.

    Assino embaixo.

    Infelizmente (ou felizmente) muita gente vai se enquadrar no "se for para achar ruim".

    Eu só acho bom - estou com vocês nessa aventura. E agradeço a compreensão e o carinho que sempre tiveram com o primo desgarrado, herege, etc.

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