Quinho amava brincar no mato, correr na grama, jogar bola, nadar no rio, rir com os amigos, inventar histórias e catar caracóis debaixo de pedras. E gostava de ler, ouvir música, desenhar e ficar escutando a conversa dos adultos.
Mas de vez em quando, algo muito estranho acontecia com o menino. Sem avisar ninguém, Quinho largava tudo e caminhava para um canto do jardim, afastava os bambus do canteiro e entrava num buraco escuro, escondido perto do muro. Naquele canto o menino ficava triste, triste até o ponto de doer. Ele não sabia porquê ia pra lá, nem porquê ficava triste. Só sabia que volta e meia ia parar no buraco e que era um lugarzinho tão apertado que não cabia nem um fiapo de alegria.
Outra coisa esquisita é que também sem entender direito como, Quinho sentia derrepende vontade de sair e, feito gato caçando, saía devagarinho, e a alegria ia voltando e o menino voltava a brincar, até entrar no buraco de novo em um outro dia qualquer.
Quem via Quinho no buraco, insistia pra que ele saísse, mas não era fácil convencer o guri.
- Tá aí porquê, Quinho? Que que aconteceu? - era o que todo mundo queria saber, e o menino também. Até que um dia, quando Quinho estava dentro do buraco, viu um tatu que apareceu cavocando por ali.
- Mais um? - espantou-se o tatu.
- Mais um o quê? - perguntou o guri.
- Mais um menino triste nesse buraco. Conheci muitos outros que passaram por aqui.
- Passaram outros? E o que houve com eles?
- Não sei. Cada um que vi, um dia saiu e não voltou mais.
Quinho pensou, pensou, sorriu, e saiu correndo contar pros amigos o que ouviu. E não voltou mais. Pelo menos não para um buraco tão escuro e apertado como aquele.
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