Uma forma de classificar quem faz parte dessa faixa da sociedade, segundo matéria da Veja, "é a capacidade de gastar um terço da renda em qualquer coisa que não seja comida e moradia". A empolgação, meus amigos, não é com o fim da pobreza, mas com o aumento do consumo. Esse é o barco que construímos. A nau que nos levará ao naufrágio.
A revista, em matéria publicada no link - perceba a ironia - "Planeta Sustentável", da editora Abril, afirma que a primeira, a primordial, a essencial das missões da nova classe média, "consiste em pôr o seu poder de compra a serviço da recuperação do crescimento do PIB mundial". Depois, se sobrar tempo, ainda dá para tentar alguma coisa em favor de banalidades como democracia e justiça.
"Ao deixar para trás a pobreza - o que significa parar de se preocupar apenas com a sobrevivência diária -, o cidadão passa a pensar no futuro e a desejar melhorias constantes em seu padrão de vida." Revista Veja.
A classe média cresce, o consumo cresce, o PIB cresce. Três vivas para a humanidade.
A naturalidade com que baseamos toda nossa esperança em um futuro melhor no aumento do consumo e, portanto, da exploração dos escassos e fragilizados recursos naturais dessa bolinha azul, é apavorante.
Veja ainda tenta apelar para um fiapo de bom senso citando as mobilizações de massa no Irã pedindo o fim do regime enlouquecido de Ahmadinejad, que, segundo a matéria, só foram possíveis graças aos telefones celulares da classe média (alguém tente explicar isso ao Gandhi). Mas o altruísmo não vai longe e em seguida o texto retorna ao que realmente interessa, disparando, cheio de alegria e excitação, a notícia de que, segundo pesquisas, "mais da metade dos cidadãos de classe média nos países emergentes pretende comprar um smartphone". Uau! Se com celulares comuns já houve o que houve no Irã, imagine só com smartphones! O sensato texto ainda afirma que nossa salvação encontra-se na "preocupação pessoal com o futuro e a ambição social" dessa nova poderosa classe média que surge como um messias coletivo para o povo enebriado pela ganância e a preocupação com seu próprio umbigo.
"É a classe média no cumprimento de sua missão."
Revista Veja.
Bem, se vc segue meu humilde blogue, sabe o quanto eu admiro a abominável Veja.
ResponderExcluirTua análise vale dez, cem vezes o que eles tão orgulhosamente publicam.
Por muito tempo, capitalistas, socialistas, anarquistas e flamenguistas confundimos a redenção da pobreza como sendo a transfiguração de todos os pobres em ricos, abastados e opulentos. Esqueceu-se, talvez convenientemente, que acabar com a pobreza é também acabar com a riqueza, aquela que fomos ensinados a desejar...
ResponderExcluirA pressão sobre recursos naturais é preocupante mesmo.
ResponderExcluirMas o crescimento da classe média traz novas questões muito interessantes.
Os países ricos (que são na verdade países onde todo mundo é de classe média), tinham o monopólio do consumo e do desperdício de recursos.
As novas classes médias surgem em países que sempre tiveram miríades de pobres, como China, Índia e Brasil.
Aumento do consumo nesses países significa aumento da pressão por recursos naturais, aumento do seu preço.
Sempre imaginamos que o fim está próximo, mas tem havido uma incrível capacidade de aumentar o rendimento dos recursos limitados.
De qualquer forma, um mundo mais classe média ainda passa pela destruição do modo de vida dos muito ricos, coisa que o Ocidente não fez.
http://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k
ResponderExcluirEsse vídeo tem mais de 20 minutos, mas nem dá pra sentir o tempo passar. Fala sobre como funciona o sistema linear do capitalismo, e como isso prejudica o planeta. Muito bom mesmo, e tem a ver com o seu post.
A história das coisas é sem dúvida um ótimo vídeo Georgia. Valeu a dica.
ResponderExcluir"A classe média cresce, o consumo cresce, o PIB cresce. Três vivas para a humanidade."
ResponderExcluirVIVA!!!
VIVA!!!!!
VIVAAAA!!!!!!!
Pow!Pouw!
Pápápápá BUUUUMMMMM!
(são fogos de artifício)!