Num pais desmemoriado como o Brasil, mesmo quem cultiva a história acaba esquecido. Cantora especializada em música derivada do folclore, a paranaense Stella Maria Egg (1914-1991), a Stellinha Egg de uma familia de músicos de origem austríaca (a tia Heloisa tocava cítara; Ludovico Carlos Egg, parente paterno, trompa, piano e regia um coral de 120 vozes, no Tirol) dedicou-se a partir dos anos 30, ainda na PRB-2 (Radio Clube Paranaense) à MPB de raiz. Discípula do maestro Alceu Bocchino, seu primeiro professor de música, ela se casaria com outro maestro influente, o paulista de Itararé, Lindolpho Gaya (1921-1987), de linhagem polonesa, com quem formaria uma indissolúvel dupla, que atuaria por décadas com sucesso no rádio, TV, gravações e excursões. (...)
Estrela da canção
Artista precoce, que assomou ao palco pela primeira vez aos cinco anos, num espetáculo na Igreja Presbiteriana, Stellinha Egg gravou, de 1944 a 1973, 180 discos 78 rotações e 20 LPs com vasto repertório - de Heckel Tavares a Jorge Ben, de Luiz Gonzaga a Tom Jobim, de Dorival Caymmi a Catulo da Paixão Cearense. Ela que trocou o oficio de professora pelo canto, na década de 40, foi eleita três vezes a melhor intérprete do folclore brasileiro. Em 1956 lançou o clássico LP de 10 polegadas "Músicas do nosso Brasil com Stellinha Egg" (RCA Victor BPL 3022), uma coesa antologia de “singles” de 78 rotações editados entre 1951 e 1954 pela RCA, depois da fase inicial na Continental. Por suas interpretações intensas, dramatizadas, de “O vento" e “O mar' em 1953 (foi a cantora que mais gravou Dorival Caymmi nessa fase) ganhou mais de uma dezena de prêmios, incluindo medalha de ouro na rádio Tupi e Disco de Ouro do jornal O Globo e da rádio Globo. No texto de contracapa do LP acima citado, Claribalte Passos escreve:
“Laureou-se, em 1954, no julgamento unânime da critica fonográfioa carioca, num concurso promovido pela Revista do Disco, como a “Melhor intérprete de Música Brasileira”, pelas suas criações em disco RCA Victor, das belíssimas composições de Dorival Caymmi, “O Vento" e “O Mar", gravações consideradas as mais perfeitas já lançadas em nosso pais".
Stellinha e Gaya excursionaram por doze paises europeus. Gaya regeu a Filarmônica de Varsóvia, Polônia e, em Moscou, tocou choros de sua autoria no filme “Folclore de cinco paises”, em que a cantora representou um quadro macumba e cocos. Em Portugal, Stellinha registrou “Cantigas de roda" e "Vamos todos cirandar" e gravou também na Rússia e na Polônia. Na França, onde residiu por algum tempo, lançou “Chants folkloriques Brésiliens”, e atuou no filme "Bela aventura". Após mais uma turnê européia em 1973, reinstalados no Rio de Janeiro antes da partida para Curitiba dez anos depois, Stellinha e Gaya montaram os shows “Bras¡l, suas raizes musicais" e “Andanças”. Este (…) celebrou os 30 anos de carreira do casal, sumarizando uma cronologia musical brasileira, dos pregões e do lundu ao samba e bossa nova, com a última apresentação ocorrendo em 1985, em Curitiba.
Surrupiado e condensado do texto de Tárik de Souza
no encarte do CD de Ithamara Koorax,
Tributo à Stellinha Egg
To com um cd da Itamara no carro faz 1 mes ... e não tem como parar de ouvir !!! Eh mto bom ... vou tentar achar esse TRIBUTO A STELLINHA EGG
ResponderExcluirTenho quase certeza de que havia deixado um comentário aqui, porém ele não foi publicado aqui e fizeram pouco caso do mesmo. Sou pesquisador musical e necessito saber qual é a relação de faixas desse disco da Ithamara dedicado a Stellinha. Não encontrei a informação em nenhum site da net sobre isso. Conto com a sua compreensão e aguardo resposta!!!
ResponderExcluirOi Rafael. Esse blog não possui nenhum tipo de moderação. Comentou, aparece direto. Se não apareceu, é porque houve algum problema no envio. Ninguém fez pouco caso de vc.
ExcluirAs faixas são:
1 A lenda do abaeté
2 Coco peneruê
3 Fica mal com Deus
4 Lamento negro
5 Noite de temporal
6 O vento
7 Carinhoso
8 Amor em Jacumã
9 Escravos de Jó
Abraço.
Obrigado por me responder sobre as faixas! Abraço.
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