12 de setembro de 2011

O rio e o vale

Por incrível que pareça
Há beleza até no rio que enche
Que sobe descontrolado
Invade as calhas urbanas
Entra nas casas pelos vãos das portas
Empapa carpetes
Destrói pisos e móveis
Carrega junto consigo roupas e eletrodomésticos
Até que num fim de tarde de sexta
Majestosamente esparramado por toda cidade
Reflete, senhor do vale, o dourado o sol
Que surge só pra mostrar a imensidão do rio
E este anuncia solene:

Sou rio e tu és vale
Tu determinas meu caminho
Tua função é me reter
Conduzir-me até o mar
A minha é forçar passagem


E a voz ecoa nos morros pela eternidade
Como espírito vagando sobre a face das águas



Para o povo do Vale do Itajaí
Reverentemente

3 comentários:

  1. Desde que viemos ocupando as várzeas dos rios, estas deixaram de ser alegres como várzeas, tornando-se locais de cheias e destruição. Quem ou o que esta errando seu lugar ?

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  2. Que beleza!

    Me fez lembrar algo que li outro dia: "Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas as margens que o comprimem."(Bertolt Brecht)

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  3. O Brecht deve ter lido meu post antes de escrever isso :)

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