Foto surrupiada do Flickr de Graciela Dias
Num dia frio e chuvoso é preciso sair de casa.
Expor o corpo quentinho à molhadeira da chuvarada.
É inverno, seu Santos dorme na rua, corpo extendido no chão duro, ninguém sabe porque. Ninguém nem quer saber.
É inverno e eu cozinho pinhão na panela de ferro, o sofá vazio, a casa quentinha e vazia.
É inverno lá fora, e sempre será. Tanta gente vagando no frio, mesmo que fosse verão.
A chuvarada castiga, o inverno não passa.
Entra ano, sai ano, o inverno não passa.
E eu aqui, casa quentinha, café na mesa.
Por quê não ponho a cara pra fora e trago de lá um corpo encharcado?
Por quê, se tenho a casa seca e quentinha, não seco e aqueço meu irmão?
Hoje é frio e chuvoso e sei que preciso sair de casa.
Olá, Tuco!
ResponderExcluirGostei do texto.
Pra mim, Chuvarada fala da triste realidade que é a desigualdade social e a indiferença com que isso é tratado.
Me fez pensar em como tenho sido e o que tenho feito em relação aos menos privilegiados, aos marginalizados, mas que nem por isso deixaram de ser meus semelhantes e muito amados por Deus.
Bem, esta foi minha singela percepção da leitura.
Um abraço.
Legal, e importante, sua percepção Pérola. Também penso nisso, e muito.
ExcluirMas há também os invernos do coração. As dores, as perdas, os descaminhos, as desilusões, as mazelas todas que fustigam a alma. Esses congelam e maltratam todos e qualquer um.
Tem sempre alguém passando por profundo e assustador inverno perto da gente. Mesmo bem agasalhado. Mesmo na frenta da lareira. Mesmo no verão. Nosso desafio é [1] perceber e [2] acolher.
Que Deus nos ajude.
Abraço.
Bom dia, Tuco!
ResponderExcluirSeu comentário foi surpreendente.
Conclui que o inverno a que me referi é bem mais evidente e não requer(talvez) tanto comprometimento, sensibilidade e percepção quanto o inverno que você descreveu.
De fato, que Deus nos ajude!
Paz!