9 de agosto de 2007

O salto no vazio


"Naquele momento o barco já estava no meio do lago. E as ondas batiam com força no barco porque o vento soprava contra ele. Já de madrugada, entre as três e as seis horas, Jesus foi até lá, andando em cima da água. Quando os discípulos viram Jesus andando em cima da água, ficaram apavorados e exclamaram: - É um fantasma! E gritaram de medo. Nesse instante Jesus disse: - Coragem! Sou eu! Não tenham medo! Então Pedro disse: - Se é o senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o senhor está. - Venha! - respondeu Jesus. Pedro saiu do barco e começou a andar em cima da água, em direção a Jesus. Porém, quando sentiu a força do vento, ficou com medo e começou a afundar. Então gritou: - Socorro, Senhor! Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou Pedro e disse: - Como é pequena a sua fé! Por que você duvidou? Então os dois subiram no barco, e o vento se acalmou. E os discípulos adoraram Jesus, dizendo: - De fato, o senhor é o Filho de Deus!


Mateus 14.23 a 33


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O ponto central da fé não é ter certeza - é ter confiança. A certeza é prepotente, a confiança é dependente. A certeza exclui a dúvida, o arrepio na espinha (e quem não sente arrepio na espinha?). A confiança nos faz dar o passo para fora do barco, mesmo receosos, mesmo apavorados. A certeza é crença, a confiança é fé. O que passou na cabeça de Pedro, possivelmente, foi: se Jesus chamou, alguma coisa vai acontecer e, seja o que for, vai valer a pena.

O problema está em associarmos fé com certezas inabaláveis. A crença é assim - não há dúvida nenhuma, nunca, jamais. Tudo que nos é dito acerca da nossa religião, a ortodoxia toda, vira nossa crença. Na crença, a dúvida é sinônimo de fraqueza. A fé não é assim. Quanto mais dúvida eu tenho, mais confiança preciso ter. Se não me resta mais dúvida nenhuma, não é preciso confiar. Minha única certeza, na fé, é que Jesus está lá, de pé sobre a água me chamando. E se ele está me chamando, vale a pena me jogar no vazio - e confiar.

Então, se alguém quer seguir a Jesus, tem que se lançar no vazio, mesmo cheio de dúvidas, e incertezas, pela simples confiança de que, seja lá o que for que venha a acontecer, vale a pena. Não é pra ter certeza! O que importa é ver Jesus, conhecê-lo e entender que ele pede simplesmente para seguirmos seu modelo. E isso é muito mais difícil do que a mais piedosa das crenças.




Veja também:
Não há vida sem morte
Acerca do chamado
Fé e crença – Jaques Ellul, na Bacia das Almas.

6 comentários:

  1. Anônimo2:44 PM

    A fé não é assim. Quanto mais dúvida eu tenho, mais confiança preciso ter.

    Acho que estou em algum lugar dessa caminhada.

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  2. A fé se alimenta da dúvida.

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  3. Eu acho que estou nessa caminhada (ou nessa trilha) também. Mas tenho minhas dúvidas...

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  4. Cara, gostei muito!
    Teu texto devia ser publidado no blog dos caras que tão apedrejando o Gondim no caso do racha da igreja no Ceará!!! Eles tem certeza, e pensam ter fé!!!
    Dá só uma olhada no que os caras escreveram:
    http://tempora-mores.blogspot.com/2007/08/pastores-e-igrejas-da-betesda-rompem.html
    Impressionante !!!

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  5. É Rubinho. Li o que os escreveram. É esse tipo de certeza que começa uma jihad...

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  6. Belo texto Tuco!

    Abraços!

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