10 de agosto de 2016

Aldeia Global

Aldeia Taqwaperi - Janeiro de 2009

A globalização encurtou distâncias e misturou línguas e povos formando o que alguns chamam de "aldeia global". Invariavelmente essa expressão sugere um mundo de multiplicidade, de coexistência, de não fronteiras, de confraternização mundial.

O violento efeito colateral pouco percebido e divulgado é que essa mesma globalização matou e segue matando um sem número de modos de vida, de regionalismos, de povos, de arraiais... de aldeias!

Ao mesmo tempo que o mundo racional e progressista clama por menos preconceito e mais aceitação da diversidade, a globalização passa como rolo compressor por cima de modos de vida que não se encaixam na lógica do consumo. A aldeia vai se tornando global a partir do extermínio das aldeias locais.

O modus operandi da globalização não é de aceitação da diversidade, mas de assimilação. É permitido manter a fantasia peculiar de comunidade exótica, desde que o comportamento submeta-se à pasteurização. A diversidade só é tolerada se for consumidora voraz como todos devem ser, e fora dessa exigência universal não há língua, povo ou cultura que subsista.


"Dizem agora que vivemos na Aldeia Global,
mas o que se globalizou de fato foi um mundo sem aldeias."
Mia Couto


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