21 de setembro de 2007

Inri

Uns meses atrás cheguei em casa, depois de um cansativo dia de trabalho, sem a menor disposição para qualquer tipo de atividade física ou mental. Deixei o corpo cair pesado na cama e liguei a televisão para tentar encontrar, em um dos três canais que minha antena de arame, com bombril na ponta, é capaz de captar, alguma coisa que prestasse. Entre um e outro clique, localizei um programa de entrevistas que mostrava o famoso “cristo reencarnado” aqui do sul do Brasil, o Inri Cristo.

O sujeito estava na berlinda, cercado por uns 4 ou 5 inquisidores. No meio de um oceano de bobagens, um trecho do bate-boca chamou a atenção. Um dos debatentes comentou sobre um jornal do interior que mostrava algumas notícias do messias brasileiro. Para o horror de todos os presentes, o jornal denunciava a presença do pretenso filho de deus em bares da cidade, jogando sinuca, baralho e bebendo. Segundo o periódico, o rabi teria sido visto conversando com algumas prostitutas na porta de um prostíbulo famoso na região.

A câmera alternava takes fechados nos rostos dos presentes, ressaltando expressões de vergonha, escândalo e ódio. Todos sentiram-se profundamente ofendidos com tal inaceitável denúncia. Riram com sarcasmo, desdenharam, xingaram e praguejaram contra o infame.

Pudera. Se o filho de Deus me aparecesse na frente fazendo coisas desse tipo, eu pregava ele na cruz!

3 comentários:

  1. Crucifica-o!
    Crucifica-o!!!

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  2. E não é isso que temos feito nos últimos vinte séculos?!?

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  3. Como assim sentou para relaxar na frente da televisão quando chegou do trabalho? Tua cas não tem crianças? eh, eh, eh...

    O grande problema é que o cara se arroga a ser Deus, diz que é o Cristo. Por isso estaríamos dispostos a condená-lo à morte.
    Este foi também o problema de Cristo em relação ao judaísmo tradicional. O cara dizia ser Deus (heresia máxima do judaísmo) - só podia mesmo ser morto.
    Somos tão bonzinhos que queremos "defender" a honra de Deus. Como se ele precisasse disso.
    Queremos mesmo é impor o poder de nosso próprio grupo religioso.

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