Quando minha tia famosa faleceu, em 1991, eu ainda andava de calças curtas, apesar de já ter idade para dirigir. O universo de roupas, discos, livros, fantasias, bonecos, artesanatos, aparelhagem de som, vídeos, prêmios, medalhas, diplomas e certificados recolhidos em suas andanças por todo o Brasil e Europa, e utilizado em seus shows aclamados por crítica e público, dipersou-se pelo ar. Uma boa parte foi parar nos porões do Museu da Imagem e do Som, em Curitiba, e lá permanece em processo avançado de deterioração. O resto evaporou. Ninguém sabe ao certo o paradeiro.
Em 1998 e 1999, porém, o MIS, em um louvável esforço por redimir o descaso (e são muitos os motivos que aqui não vêm ao caso), produziu um pequeno vídeo e um livreto sobre Stellinha Egg. Eu, alienado como sempre, nem soube disso, até receber a notícia de que meu querido primo e amigo do peito, André, teve acesso à ambos. Fiz uma cópia do DVD e ganhei um exemplar do livreto.
O vídeo é uma entrevista com meu avô, o quarto rei, sobre sua irmã, Stellinha.
O livreto fez minha tia avolumar-se diante de mim. Tornou-a uma gigante, muito maior do que já havia imaginado. Shows, gravações, filmes, turnês, elogios, prêmios, rádio, televisão, praça, público. Impressionante! Digitalizei o livreto. Deus que me perdoe pelos direitos autorais e tal. Os créditos estão todos aí. Quem fez os merece, sem dúvida (bom seria todo o acervo do MIS digitalizado, inclusive áudios e vídeos).
O que já me chegou às mãos sobre Stellinha Egg (LPs, cassetes, DVD e livro), digitalizei como pude. Aproveitem.
Pequeno clipe de imagens da Stellinha. Edição do vídeo do MIS.
Depoimento editado de Arthur Egg, me avô, sobre sua irmã.
Link do livreto produzido pelo MIS sobre Stellinha Egg e Gaya.
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Mais sobre Stellinha aqui na trilha, com muitas músicas e algumas fotos:
Stellinha Egg
A net é uma coisa louca mesmo!! EGG foi um nome ultra-presente na minha infância devido a um dos irmãos da Stellinha, Daniel, se não me engano professor mas no mínimo colega de medicina (& igreja) do meu pai, e que por conta disso fez nada menos que o meu parto... (E, que me perdoe, mas responde - junto com toda a medicina da época - pela minha tendência depressiva até hoje, por me haver mantido 11 dias no berçário longe da minha mãe...)
ResponderExcluirEnfim, no mínimo por isso o nome Stellinha não podia ter sido ausente da minha infância, nas conversas de meus pais e tios... Mas estava perdido nos porões da memória até topar com ele na net.
Ainda estou zonzo sob o impacto da descoberta de quem realmente foi. Penso no processo de meu filho músico, com 26 anos, ao compor com referências a Ogum e Iemanjá há poucos anos, e não podendo por isso mostrar a música para a avó ultra-presbiteriana em Curitiba... rsrs O que deve ter sido o impacto da Stellinha gravando essas coisas no começo dos anos 50!!
OBRIGADO POR ESTAR RESGATANDO ESSA MEMÓRIA, que é da sua família mas não só, é parte da nossa misteriosa identidade coletiva como brasileiros. Se as instituições oficiais não dão conta de criar & manter uma imagem suficiente dessa nossa identidade, aqui está a rede para isso. FORÇA AÍ, e obrigado mais uma vez!
PS: não menos parte do impacto é encontrar aqui referências tão caras como Os Irmãos Karamázovi (que às vezes me parece o único 'lugar' onde aquele sujeito de há 2 mil anos foi entendido...) e Ricardo Gondim... Esse mundo é muito louco mesmo!!
ResponderExcluirZé. A internet é uma loucura. A gente acha cada coisa. Bom saber que foi útil pra você. Abração.
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