7 de agosto de 2008

Ta lá o corpo estendido no chão

Escrevi, na maior cara de pau, alguns meses atrás, este post. Como é fácil falar. Maldito seja eu mesmo, e minha fraqueza miserável. Se aquele nazareno estivesse por aqui, teria lamentado profundamente, repetindo o que disse uns 2 mil anos atrás – “até quando terei que suportá-lo”? Isso na melhor das hipóteses. Na pior, olharia no fundo dos meus olhos e me chamaria de cobra venenosa, hipócrita e todas essas coisas que merecemos mesmo ouvir.

Saí ao meio-dia, como de costume, rumo à minha casa arrumadinha e cheirosa, para desfrutar de um belo almoço, na redentora presença da minha família. Na calçada jazia um corpo, sob sol intenso. Todos passavam por cima dele, como se fosse um saco de lixo abandonado ali. Ou pior. O lixo eu teria ajuntado. Parei, olhei, sofri um pouquinho, senti pena, preocupação, e prossegui minha viagem. Meu almoço não foi muito feliz. Não consegui escapar da sensação de ser mais um fariseuzinho miserável, que impõe sobre outros aquilo que não é capaz de fazer.

Às 14 horas, quando passei pela mesma calçada para voltar ao labor diário, vi a calçada vazia e percebi que um samaritano havia passado por ali.

3 comentários:

  1. Vc não é único no mundo!


    Ocorre o mesmo. Pelo menos comigo.



    abraços Tuco
    Fique na GRAÇA!

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  2. Atire a primeira pedra quem nunca fez isso...
    ...mas quantos se arrependeram?

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  3. É...
    Somos todos farinha do mesmo saco.
    Reconhecer isso não nos faz melhores, mas ao menos menos mentirosos.

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