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Lembro-me de transpor ondas gigantescas sob o impacto violento da água. Da assustadora espuma branca, da força da corrente, do repucho traiçoeiro. A inóspita e apavorante arrebentação poderia ceifar a vida de Titãs. Por isso eu sabia que, mais do que tudo, teria que agarrar-me com todas as forças ao corpo daquele jovem herói. Ele vencia as ondas por mim. Dominava-as, feria suas cristas com o corpo esguio, sem recuar. Convicto, poderoso como Hércules, me agarrava e comprimia forte e carinhosamente em seu peito. De repente, a calmaria. Mar escuro, horizonte eterno, brisa. Ele podia agora me soltar, me jogar para cima, me ver nadando de volta. Eu estava, com ele, onde nenhuma outra criança poderia estar. Nos braços de meu pai eu havia vencido o mais impiedoso inimigo e encontrava-me agora no enigmático "fundão".
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Quando meus filhos saem das ondas correndo em minha direção, olhos fixos em mim, expectativa estampada no rosto, sei o que me espera. Conheço todas as suas emoções e sei que eles nada sabem sobre as minhas. Nem desconfiam que as gotas salgadas que escorrem dos meus olhos enquanto corto as ondas, com eles em meus braços, na direção mística do "fundão", não são água do mar.
Para meu pai
por ter me levado tantaz vezes pra lá da arrebentação.
Lindo, Tuco, do começo ao fim!
ResponderExcluirFantástico.
Roger
PS: Depois me passe as dicas de como ativar os serviços relativos à sua demanda deixada em nosso Blog.
Que lindo, meu!!! E verdadeiro!
ResponderExcluirE põe verdade e beleza nisso!!!
É, mano...
ResponderExcluirEstar com o nosso pai, onde fosse, era certeza de tudo estaria bem.
Voltei ao passado, como num daqueles flashbacks da série Lost. VUUUUUUUUUUUUUUUUSSHHHHH.
ResponderExcluirObrigado. Como fazia Davi, quem percorre o passado volta trazendo gratidão.
Que saudade filho! Foram os momentos mais felizes da minha vida!
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