Uma das várias formações que o time teve:
? | Luis | Juninho | Tato | Salomão | Zeca | ?
? | Fernando | ? | ? | Patrício
? | Luis | Juninho | Tato | Salomão | Zeca | ?
? | Fernando | ? | ? | Patrício
Outra formação: De pé o primeiro (esquerda) é o Luis, o terceiro é o Beto.
O primeiro agachado da esquerda é grande centro-avante Tato.
As manhãs de sábado eram mágicas. No meio do bosque, os raios do sol rompiam o nevoeiro da manhã entre as copas mais altas dos eucaliptos. Atrás da mata, uma pequena colina conduzia a um córrego que saltávamos afoitos correndo na direção da cerca. Do lado de lá, a água brotava do solo gelada e límpida formando pequenos filetes de rios que serpenteavam entre o capim rumando incertos aos trilhos de trem. O local era todo nosso. Éramos piratas, exploradores, caubóis correndo atrás de cargueiros, tarzans balançando ousadamente nos caules ainda finos das árvores mais jovens. E tinha a bola. E tinha o campo. E os primos. E os filhos do Fernando Barros.O primeiro agachado da esquerda é grande centro-avante Tato.
Na beira do campo ficava meu avô. O centroavante era meu pai, o Tato. Tio Zeca no meio-campo. Patrício, Fernando, Marcos, Luis, e mais uns tantos completavam o elenco. Venciam 8 de 10 partidas. O saldo de gols a favor era astronômico. Jogavam juntos desde muito antes de eu nascer. Formavam aquilo de mais prodigioso que a raça humana pôde vivenciar nas intrincadas relações sociais que desenvolveu desde que passou a andar sobre duas patas - um grupo de amigos.
Havia, nas manhãs de sábado, algo de religioso, de litúrgico. Até mesmo nas brigas e discussões. Era o homem na sua expressão menos mascarada, menos formal, mais natural, mais transparente e, portanto, mais santa. Não na altivez de sua prepotência, que é na verdade uma forma de mascarar sua fragilidade, mas na intensidade dos seus relacionamentos. Xingamentos, abraços, sorrisos e palavrões. Tudo encerrado com um grande encontro no bar, regado a ovo cozido e Caracu.
Eram homens. Eram gigantes. Eram senhores das manhãs de sábado.
No final do jogo, corríamos em direção ao gol chutando a bola avidamente, aproveitando os últimos instantes entre o fim do jogo e a saída para a Sede. Estávamos no lugar dos mestres. No campo deles. Nas traves onde meu pai fazia tantos gols. Éramos heróis também. Também gigantes nas manhãs de sábado.
Putz, bons tempos! Grandes sábados.
ResponderExcluirNos divertíamos demais mesmo nessas manhãs.
Subíamos o mais alta que dava naquele eucaliptos gigantes. E empilhávamos pedras-britas nos trilhos pra ver se o trem capotava...
E os jogos eram demais. Grande Pobreza F.C.
Empilhar brita no trilho esperando a tragédia com o trem: ai está uma traquinagem universal. Quando criança fazia o mesmo quando visitava a casa da avó.
ResponderExcluirOi Tuco,
ResponderExcluirQue belo texto! Como é bom viajar rumo a infância!
Abraços Florentino!