Uma segunda onda está surgindo.
A primeira trouxe em sua corrente o abandono do enfastiado sistema religioso (seja ele qual for). Alguns ramos emergentes, as igrejas nas casas de Frank Viola, o Caminho da Graça de Caio Fábio, todos, cada um de sua forma peculiar, apontavam para a deserção do sistema religioso mais do que viciado (obviamente, não somente para isso, mas para uma ampla proposta de vivência do evengelho). Algo novo precisava (e ainda precisa) surgir das cinzas e do pó (e está surgindo) resultantes do desmoronamento das instituições de pedra, cimento e cal que caminham para a ruína. As propostas estão na mesa.
A segunda onda, porém, traz consigo o desejo de juntar os destroços, de salvar o barco antes que afunde. O carro chefe são os seminários "Lutando pela Igreja - Porque Deus não tem um plano B", apoiados por muita gente boa de verdade, preocupada em não jogar o bebê fora junto com a água do banho. Gente que admiro e que cito volta e meia aqui na Trilha. Gente fera como Gondim, Kivitz e Ariovaldo.
O argumento da primeira onda baseia-se na provocativa lógica de Jesus - vinho novo precisa de odres novos. O argumento da segunda tenta inverter a lógica botando a culpa no vinho e não no odre.
"Muita gente acha que é isso que está acontecendo: a estrutura está atrapalhando o evangelho. Daí, há quem esteja propondo o fim da instituiçáo, para liberar o evangelho, o vinho, para que este se expanda saudavelmente. Entretanto o problema, hoje, é que o vinho está se tornando vinagre! Quando o vinho se torna vinagre, que mudança de estrutura, que desinstitucionalização dá jeito?" Ariovaldo Ramos, no seu blog.
O argumento é interessante, o esforço é louvável, mas a lógica não convence. Se o odre está cheio de vinagre, está contaminado. Ninguém colocaria vinho bom num odre que esteve cheio de vinagre, mesmo que tenha sido esvaziado e lavado, porque o vinagre continua nas suas entranhas - e continuará para sempre. Já era. A lógica de Jesus permanece. Se há vinho novo, que surjam novos odres.
O medo de perder é o que nos imobiliza. Nos falta, definitivamente, o mesmo desapego que vemos no criador.
Se há o que salvar na igreja historica formalmente instituida, certamente há. Sempre há. Há o que salvar por todos os cantos - no ateismo, no budismo, no cristianismo, na igreja, na sinagoga, na mesquita, até em mim. Nos preocupemos então com tudo que há de bom em cada canto, ou em cada plano. Porque Deus é muito criativo e pode sim ter plano B, C, D... como bem demonstrou o Roger.
Mas ainda penso que o melhor que temos a fazer é permitir que o barco da formalidade afunde com todos aqueles que amam o barco e não o vento, nem o mar. Esses afundarão agarrados aos mastros. Os demais terão tempo e energia e fé para o salto que os levará aos botes ou destroços e lá poderão recomeçar.
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Veja também:
Um próximo passo
Avivamento
A noiva e o jardim
Ultimamente, Tuco, depois de pegar muita onda, abandonei o surfe; estou tendendo mais a usar a resposta do inglês Gilberto:
ResponderExcluirQual o problema com o cristianismo? Eu, obviamente!
Caraca Rondinelly! Então o problema é vc? Vou avisar todo mundo :-P.
ResponderExcluirMas vc tá certo. Chega de surfe.
Texto excelente; comentário do R é extraordinário.
ResponderExcluirPergunta: e se, no lugar do salto, dos botes, destroços ou pranchas de surfe, a gente simplesmente caminhasse como Ele caminhou??? Hein, hein??? O que vocês me dizem?
Ola Tuco!
ResponderExcluirVim conhecer seu espaço digital. Bom posts! A internet é um espaço precioso onde podemos falar de Jesus e discutir diferentes pontos de vista!
Aproveitando, faço uma apresentação do meu blog:
Genizah é um blog cristão diferente. Hilário e divertido, mas que não dispensa a seriedade na defesa do Evangelho. Uma mistura bem balanceada de humor, denuncia e artigos devocionais. No Genizah, você fica sabendo da última novidade do absurdário "gospel", mas também não falta material para inspiração e ótimas mensagens dos melhores pregadores. Genizah é um blog não denominacional apologético, com um time é formado por escritores, pastores, humoristas e chargistas cristãos.
Aguardo sua visita. Vamos nos seguir!
Abraços em Cristo e Paz!
Danilo
http://www.genizahvirtual.com/
Cara belo post. Tenho minhas dúvidas se há o que salvar na instituiçao, ou melhor, há sim o que salvar, mas o que? E como?
ResponderExcluirVeja que toda vez que pessoas se juntam em nome de Deus sai besteira. O povo viu o mar se abrindo, viu cair maná que caia do céu e ainda assim se juntaram p fazer um bezerro de ouro. No novo testamento vemos Jesus em crise destruindo todo comercio que havia se instalado na igreja. é diferente hoje? Foi diferente algum dia?
O que temos que fazer, com certeza é sempre ir contra corrente, nunca nos acomodarmos com o banco confortavel nem com o ar condicionado.
voce faz sua parte, eu e alguns amigos, como o Diego Venancio, fazemos e mais uma turma aí. é bem dificil, mas é a vida. E como diria o capitao nascimento, "quem disse que a vida é facil?"
Abraçao, e visita meu blog, tem texto novo lá.
http://grupoeclesia.blogspot.com
Então esse é o contexto do "plano B". Não sabia e não fiz questão de saber. Mas foi bom ficar sabendo!
ResponderExcluirJá havia lido o Blog do Ari e também discordei.
A verdade é que esses caras, que também não deixo respeitar, ainda não enxergaram o plano B, afinal todos estão atolados sem excessão, até o pescoço, na instituição.
Eu também não seria louco de largar meu emprego só porque sou contra o capitalismo. Não. Pelo menos não antes das propostas sobre a mesa terem sido analisadas e o plano B posto em ação.
O Rondinelly anda lendo muito o Brabo, desconfio. Eu também, agora que chegaram os livros dele. Mas o Roger acertou na mosca e deve levar o troféu. Tenho martelado nessa tecla, a de que meus amigos de seminário (Ed e Ari) estão atolados no pântano institucional e têm enorme dificuldade para ver ou saltar fora. Fico aqui pobre e reclamando, mas Deus tem me poupado mais do que a eles. Seu texto está relevante e deveria ser mais propagado por aí. Não sei por que perdi sua amizade, ainda.
ResponderExcluirPuxa, se não há plano nenhum a não ser o da igreja institucionalizada, estamos em maus lençóis...
ResponderExcluirTambém acho que odre que se acostumou como o vinagre não tem mais jeito.
É uma questão que perturba: Qual a necessidade do odre? O vinho responde, e se for novo a resposta é clara: Precisa-se de odres novos! Lidando com vinho novo e com odres velhos o que fazer? A resposta Jesus ja nos deu... Bela análise.
ResponderExcluirNossa. Os comentários andavam às moscas. Tava de férias e voltei hj.
ResponderExcluirRubinho. Eu topo. Vamos nessa!
Danilo. Quem não conhece o Genizah? Já ri e já choerei um bocado lá.
Evandro. Sempre há o que salvar, mas saber o que é realmente difícil.
Roger. É. Tb não largaria o meu emprego.
Lou. Talvez, por acaso, tenha perdido meus comentários. Jamais minha amizade.
Tato e Bill. É isso aí. Vamos nessa, como sugeriu o Rubinho.