2 de dezembro de 2010

Teologia do Balú

Se há algo que me aborrece atualmente é aquilo que chamam de fundamentalismo religioso. Confesso que já descrevi a mim mesmo, e com um orgulho besta, num passado medonho, como fundamentalista. De onde tirei isso?

Mas esse tempo passou. Hoje considero infinitamente mais interessante conversar sobre vida inteligente em Marte com meu valente amigo cristão e ufólogo, do que discutir aborto, criacionismo, interpretação literal da bíblia, autoridade do homem sobre a mulher ou escatologia dispensasionalista com um crente de orientação fundamentalista. O Domingão do Faustão também me deixaria mais animado que um papo desses.

Mas há uma espécia de fundamentalismo no qual ainda creio e pelo qual vale a pena lutar. É o 'ismo' que defende ser necessário a cada um apenas aquilo que lhe é 'fundamental'. A esmagadora maioria das coisas que temos ou desejamos ter são luxos, adereços, penduricalhos bestas, não apenas desnecessários mas potencialmente prejudiciais. Privilégios que roubam direitos, como diria o Marinho. O fundamentalismo teológico com seus motivos entediantes é um desses penduricalhos do qual deveriam todos urgentemente se desfazer. Em seu lugar entoaríamos o hino daquilo que chamo de 'teologia do Balú'.



Somente o necessário, diríamos dançando alegremente, o extraordinário é demais. E levaríamos essa proposta aos nossos trabalhos, às convenções de fim de ano e suas metas, às ceias de Natal e seus perús, às palestras motivacionais e seus mantras, aos planejamentos, às resoluções de ano novo, às teologias, aos cultos, às missas, às liturgias, às viagens de férias, às compras.

Talvez pudéssemos então concluir finalmente que é por isso, por termos abraçado o fundamentalismo fundamental da teologia do Balú, é que alcançamos finalmente a paz.


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Leia também:
Nossa única esperança de redenção

5 comentários:

  1. " Vida simples, pensamento elevado "
    ( Swami Prabhupada)

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  2. Para completar a maravilhosa canção do Balu, recomendo Chico Cesar em http://www.youtube.com/watch?v=0JWF8UWJDLo
    Junto com a citação da Dona Urtigão, fazem uma salada ecumênica digna da indignação de qualquer fundamentalista, né não?

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  3. O Chico Cesar já passou pela Trilha tempos atrás: http://atrilha.blogspot.com/2009/05/de-uns-tempos-pra-ca.html

    :-)

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  4. Bah...!
    O vento sopra aonde quer...
    Unidos desde sempre pelo tecido conjuntivo líquido fomos levados por caminhos diversos.
    Sendo ilustres fraternos desconhecidos nos reencontramos no universo profundo das divagações.
    A doutrina baludiana, que as minhas meninas são instruídadas desde a tenra idade, é um desses sopros.
    E como um lampejo, depois de perpassar tantos ismos através de trilhas, atalhos e picadas, revejo que os caminhos nem foram assim tão diversos....
    Baita Abraço, Primo!

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  5. Pois é Ed. Quem diria, a gente assim com tanta coisa em comum. É legal isso. Baita abraço tb.

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