21 de novembro de 2011

Frô dos cativeiro

Dá pra acreditar que isso já conteceu um dia? Literalmente. E dá pra acreditar que ainda acontece hoje?


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Leilão
Por Ana Salvagni
De Hekel Tavares / Joracy Camargo
De manhã cedo, num lugar todo enfeitado
Nóis ficava amontoado pra esperá os compradô
Depois passava pela frente do palanque
Afincado ao pé de um tanque que chamavam bebedô.

E nesse dia minha véia foi comprada
Numa leva separada de um sinhô mocinho ainda
Minha veínha era frô dos cativeiro
Foi inté mãe de terreiro da famía dos Cambinda.

No mesmo dia em que levaram minha preta
Me botaram nas grieta que é pro mó de eu não fugir
E desde então, preto véio percurô
Ficou véio como eu tô, mas como é grande esse Brasil.

E quando veio de Isabel as alforria
Percurei mais quinze dia, mas a vista me faltô
Só peço agora que me leve Sá Isabel
Quero vê se está no céu minha véia, meu amô.


Do desconcertante CD Alma Cabocla, de Ana Salvagni.
Em homenagem ao dia da consciência negra.

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