31 de março de 2013

Pelo menos o universo



No dia em que se recorda a ressurreição de um homem como a matriz da ressurreição de todos, não é demais lembrar, como Mayakovsky, que se fomos arrancados das garras da morte e lançados na eternidade pelos braços estendidos do Deus encarnado, o fomos para lutarmos contra as misérias do cotidiano, para que não mais existam amores servis, para que ninguém mais tenha de sacrificar-se por uma casa ou um buraco. Para que, a partir de hoje, a família se transforme e nossos olhos enxerguem o mundo com olhar de reconciliação, amor, perdão, misericóridia, graça e paz. E nos irmanemos todos em um glorioso abraço universal.

O AMOR
Poema de Mayakovsky adaptado e musicado por Caetano Veloso
Interpretado por Rentao Braz


Talvez, quem sabe, um dia
Por uma alameda do zoológico
Ela também chegará
Ela que também amava os animais
Entrará sorridente assim como está
Na foto sobre a mesa
Ela é tão bonita
Ela é tão bonita que na certa
eles a ressuscitarão
O século 30 vencerá
O coração destroçado já
Pelas mesquinharias
Agora vamos alcançar
Tudo que não podemos amar na vida
Com o estrelar das noites inumeráveis
Ressuscita-me
Ainda que mais não seja
Porque sou poeta e ansiava o futuro
Ressuscita-me
Lutando contra as misérias do cotidiano
Ressuscita-me por isso
Ressuscita-me
Quero acabar de viver o que me cabe
Minha vida
Para que não mais exista amores servis
Ressuscita-me
Para que ninguém mais tenha
De sacrificar-se por uma casa ou um buraco
Ressuscita-me
Para que a partir de hoje
A partir de hoje
A família se transforme
E o pai
Seja, pelo menos, o universo
E a mãe
Seja, no mínimo, a terra
A terra, a terra

Veja também: Ressucita-me

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