"O [mito] se fez gente
e habitou entre nós"
A humanidade só existe a partir do mito. O que a ciência chama de revolução cognitiva, que é o que fez surgir no solo desse planeta a criatura chamada Homo Sapiens, nada mais é do que a chegada do mito ao mundo. Mito é palavra imaginada e transmitida de geração em geração. É verbo sonhado, cantado e contado.
Quando Deus escolheu uma das criaturas que vinha evoluindo a milhões de anos e soprou em suas narinas seu espírito, colocou dentro dela a angústia do simbólico, do imagético, do sonho, da narrativa. Nos tornamos então, imagem e semelhança do criador. E desde esse dia passamos a contar histórias e todas elas apontavam para o mito maior, a utopia mais profunda, a mais presente e inquietante lenda: o anseio inescapável pela redenção. E todos os povos, de todas as culturas, de todos os cantos, de todas as raças, de todas as origens, de todas as religiões narraram esse mito, cada um a sua maneira. Até o dia, o inacreditável dia, em que passou-se a contar-se a história de que esse mito maior e mais profundo rasgou o manto pesado da fantasia, invadiu o espaço e o tempo e nasceu entre nós, como um bebê na manjedoura de um canto remoto e irrelevante da palestina.
Todas as histórias de todos os mitos, todos os sonhos de todas as utopias, todas as lendas de todas as canções se adensaram, deixaram pra trás o mundo das fábulas e habitaram o frágil corpo de um bebê. Emanuel, Deus conosco. O Deus fragilizado. O Deus que redime o corpo e o santifica, porque nele habita. O Deus feito gente. O Deus que esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante à humanidade e por ela se entregando, para a ela dar esperança, força, vida, ressureição, redenção.
Nove meses antes, uma menina chamada Maria, ouviu a voz de um anjo que lhe sussurrou: alegre-se, vc dará à luz um menino, seu nome será Jesus e ele será chamado Filho de Deus. E diz o texto do livro sagrado, no evangelho de Lucas, que essa menina se encheu de alegria e cantou.
Minha oração hoje é para que esse sonho, essa lenda, esse desejo, essa esperança, esse mito que se se fez carne e habitou ENTRE nós, habite também EM nós, e em nós nasça e gere vida, e redenção. E que cada um de nós possa ter nos lábios, o mesmo canto de Maria:
Minha alma engrandece ao Senhor
Meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Minha alma engrandece ao Senhor
Meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
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