Há quem diga, peito estufado, cheio de orgulho: – Tô numa correria. Trabalhando demais. Terminei meu relatório 1h da manhã!
Me dei conta desse horror quando li o tuíte (sim, eu tenho uma conta no twitter) de um amigo, todo garboso, piando no meio da madrugada pro mundo inteiro saber: “Terminei por hoje. Vou descansar um pouco porque amanhã cedo tem mais”.
Eu confesso que cada hora-extra me invade a alma como um punhal. Me desnuda o corpo e expõe minha vergonha. Horas-extras, relatórios noturnos, reuniões de final de semana, almoços e jantares de negócio, enviados diretamente do inferno, são a mais frequente e miserável causa dos desencontros que fazem do homem moderno essa ilha maldita de solidão e morte.
- Desculpe – falei dia desses pra um grande amigo – mas não consegui fazer aquela visita que já venho prometendo a tempos. Não deu tempo cara. Tô numa correria.
E assim vamos levando.
Foi mal vó, não deu pra ir no seu aniversário. Desculpe maninho, mas não consegui parar pra te dar aquele abraço quando nos cruzamos por acaso na rua. Perdão colega, mas não deu pra atender o telefone, nem pra responder seus emails. Foi mal gente, não deu pra ir no jantar que vocês organizaram. Desculpem todos. Tô com tanta coisa pra fazer.
Pois é, devíamos começar um movimento igual ao do "slow food" - que já faz sucesso. Seria o "slow living"...
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