17 de outubro de 2011

Pés cansados

Ouço a batida sem ritmo
Dos pés que cansados
Conduzem o corpo
Que o tempo arcou

Vejo a poeira que sobe
Do passo arrastado
Empasta no rosto
Que o choro molhou

E o homem faz sua jornada
Passos pesados, mas fortes
A espera de um descanso
Não precisa muita coisa
Só comida, abrigo e abraço

Mas leva sozinho seu passo
Pois não há quem ofereça
Na correnteza remanso
No sofrimento uma sorte
Em pleno naufrágio, jangada

E segue a batida sem ritmo
Dos pés calejados
Do corpo surrado
Que um dia sonhou

E saiu na poeira da estrada
Procurando esperança
Amor e morada
Mas nada encontrou

2 comentários:

  1. Lindo poema. Diferente do que tenho lido do Wolô, lá no FB, no qual ele sempre dá um toque final otimista, "cristão", de "conversão", o que não é a regra, certo?

    ResponderExcluir
  2. Me parece que a regra é o final pessimista. A 'conversão' é a exceção. E boa parte da culpa é minha. Infelismente.

    ResponderExcluir