De forma inesperada e redentora, aquele pesado livro de capa preta ressurgiu do pó da terra leve e alado. Multicolorido, passou a borboletear diante de meu olhos e, para pegá-lo, tive que correr, pular, rolar, cair e levantar. Refletindo todas as cores do arco-íris, o livro agora fluído e impreciso, causou-me alumbramento.
É engraçado como se aceita que Deus, quando encarnado, revele a verdade através de metáforas, parábolas e alegorias. Bodas do cordeiro, virgens, ovelhas e bodes são permitidos ao Deus encarnado. Antes de sua manifestação em carne e osso, porém, lhe é proibido usar esse tipo de linguagem. Gênesis precisa ser literal. A torre de Babel também. E a arca de Noé. E o grande peixe de Jonas. A simples menção da possibilidade da metáfora abala os alicerces da fé da maioria dos cristãos que conheço.
Abandonei a limitada sala escura da objetividade e, como Alice, conheci o país das maravilhas; como Dorothy, fui levado por um redemoinho ao maravilhoso mundo de Oz.
Alguns podem apavorar-se com descrição tão festiva e fantasiosa do livro sagrado. Esses crêem que transformar esse manual em um livro de histórias fantásticas é depreciá-lo, reduzi-lo, limitá-lo. Engano terrível. Nenhum conceito pode ser maior que a narrativa. Nenhuma conclusão pode ser maior que a história em si.
As considerações finais são a clausura da história.
Veja também:
RETICÊNCIAS
1. Morte
2. Vida
3. À luz de um abajour
Continua muito bom!
ResponderExcluirTem mais?
Acho que o V. Carlos falou cedo demais...
Muito bom, gostei mesmo. Afinal, Jonas foi engolido por qual peixe? :)
ResponderExcluirParabéns aos responsáveis pelo fantástico conteúdo deste blog!!!
ResponderExcluirUm abraço fraternal a todos!!!